Foto: Reprodução/Internet Folhapress - Com a economia mergulhada em recessão, a produção da indústria brasileira teve forte queda de 1,5% na passagem de junho para julho, na taxa livre das influências sazonais (como a diferença dos dias úteis do mês).

O resultado foi influenciado principalmente pelos produtos alimentícios, com queda de 6,2% em julho frente ao mês imediatamente anterior.

Foi a segunda queda consecutiva da produção industrial e a mais intensa desde dezembro do ano passado (-1,8%).

Em junho, o indicador havia registrado uma baixa de 0,3%.

Os dados do setor foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (2).

Na comparação com julho de 2014, a produção industrial recuou 8,9% -a 17ª contração consecutiva desse indicador.

Foi a maior queda para o período desde 2009 (-10%). É também uma queda bem mais intensa ainda do que a percebida em julho do ano passado, de 3,4% frente ao mesmo mês do ano passado.

Com mais um resultado ruim, o setor fabril passou a acumular uma queda de 6,6% de janeiro a julho frente ao mesmo período do ano passado.

No acumulado de 12 meses terminados em julho, a indústria registra uma baixa de 5,3%.

Os dados mostram que a indústria continua sem esboçar reação, com estoques altos, ociosidade crescente, demissões de trabalhadores.

O setor está prostrado diante da menor demanda e tem reduzido há meses seu número de funcionários.

Economistas consultados pela Bloomberg previam queda de apenas 0,1% na comparação a junho e de 6,2% frente ao mesmo mês do ano passado.

Pelo ritmo atual, os economistas dão como certo que o setor fechará o ano no vermelho.

No Boletim Focus, do Banco Central, as projeções são de queda de 5,57% neste ano.

SETORES Dos 24 ramos da indústria acompanhados pelo IBGE, 14 tiveram queda na passagem de junho para julho, assim como três das quatro grandes categorias econômicas investigadas.

Segundo o IBGE, os destaques negativos de junho para julho foram os setores de produtos alimentícios, com queda de 6,2% em julho, eliminando a expansão de 4,3% observada no mês anterior.

Também tiveram forte perdas a atividade de bebidas (-6,2%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,7%) e de indústrias extrativas (-1,5%), considerando os setores com maior peso no indicador.

No caso de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, os dados interromperam uma sequência de três meses de taxas positivas, período em que acumulou 3,6%, informou o IBGE.

Por categorias de uso (que agrupam os produtos por tipo de consumo a que se destinam), o maior impacto foi de bens semi e não duráveis (-3,4%) -justamente o grupo da indústria que inclui os produtos alimentícios.

O grupo eliminou assim a expansão de 3,1% acumulada nos meses de maio e junho passados.

Já os bens intermediários (-2,1%) e de capital (-1,9%) também registraram taxas negativas.

Foi a sexta taxa mensal negativa consecutiva para ambos os grupos.

Bens de consumo duráveis, por outro lado, surpreenderam com avanço de 9,6% frente a junho, o único resultado positivo no mês, após acumular perda de 25,2% entre outubro do ano passado e junho de 2015.

Essa categoria, que engloba eletrodomésticos, automóveis, tem sofrido forte influencia da oferta de crédito e confiança dos consumidores para assumirem dívidas.