O líder do Democratas na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), criticou a possibilidade de o governo encaminhar ao Congresso proposta para a volta da CPMF. “A carga tributária é de 37% do PIB e é inaceitável que o governo da presidente Dilma Rousseff/PT queira ainda mais imposto, penalizando o setor produtivo e os trabalhadores”, afirmou.

Ele lembrou que o governo petista não faz os cortes que precisa, mantendo uma estrutura “monumental”, composta por 22 mil cargos comissionados e 38 ministérios. “O que os brasileiros esperam é que o governo faça a sua parte e não imponha à sociedade mais imposto.

Ninguém mais aceita”, completou.

Para o líder do Democratas, o anúncio do governo de que vai cortar dez ministérios foi “muito planejado ao longo de 13 anos”. “É uma medida tímida que, se executada, precisa ser seguida de outras, entre elas o corte mais expressivo no número de ministérios e a redução de cargos comissionados”, afirmou.

Citou, ainda, a necessidade de fim do aparelhamento da máquina pública.

Os setores de comércio e de serviços condenaram, nesta quinta-feira (27), a volta da CPMF para elevar a arrecadação e, assim, ajudar o governo federal a cumprir sua meta de ajuste fiscal em 2016.

Sem dinheiro suficiente para cobrir as despesas do governo em 2016, o governo estuda recriar a CPMF, o chamado “imposto do cheque”.

A proposta encaminhada pela equipe econômica ao Palácio do Planalto prevê que a alíquota seja 0,38%.

Para a FecomercioSP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), a volta do tributo vai onerar as empresas em um momento difícil da economia, com inflação e desemprego em alta e elevada taxa de juros. “É um total retrocesso na economia do país”, disse Kelly Carvalho, assessora econômica da entidade.

Na avaliação de Carvalho, o governo estuda aumentar a carga tributária para cobrir despesas da má administração pública. “Os gastos do governo é que devem ser reduzidos e melhor administrados, enxugando a máquina pública”, disse.

A FecomercioSP foi uma das entidades a brigar pela extinção da contribuição, conhecida como o “imposto do cheque”, em 2007.

O presidente da CNS (Confederação Nacional de Serviços), Luigi Nese, disse que “é uma loucura criar novo imposto no Brasil em um momento de crise e fragilidade das empresas”.

Segundo ele, o setor de serviços defende uma contribuição sobre a movimentação financeira, mas em troca do fim da contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento.

Pelo projeto elaborado pela entidade, há cerca de 15 anos, seria cobrada uma alíquota de 0,89% sobre a movimentação financeira. “A ideia é que incida sobre todas as movimentações financeiras”, afirmou. “Com a alíquota baixa de 0,89%, seria possível reduzir a informalidade sem impactos na arrecadação previdenciária. É uma forma de cobrar todos os setores da mesma forma, uma cobrança mais justa”, disse ele, acrescentando que esse novo modelo valeria tanto para a produção local como para produtos importados.

O presidente da CNS ainda criticou a ideia de transformar a CPMF em imposto para, dessa forma, distribuir a receita com os Estados. “O governo está querendo buscar apoio e ganhar simpatia.

Mais do que isso, busca apoio político para conseguir aprovar essa proposta justamente em um momento em que Estados e municípios estão em muita dificuldade financeira e precisam engordar seus cofres para honrar pagamentos.” Com a Folhapress