Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo No dizer de Tom Jobim, o Brasil não é para principiantes.

Verdade.

Sobretudo no que se refere às coisas da política.

A começar pela legislação eleitoral, falha e inadequada sob muitos aspectos, inclusive pela liberdade que faculta aos partidos de se coligarem de modo diferenciado, quando das eleições gerais, em plano nacional e em plano estadual.

Em 2014 as alianças celebradas em torno das candidaturas à presidência da República em geral não se reproduziram nos estados, em função da eleição para governador.

Reflexo de uma realidade multifacetada, nesse gigante que é o Brasil, marcado por diferenças econômicas, culturais e políticas de região a região e mesmo dentro de cada região.

Reflexo também da fragilidade dos partidos, apenas poucos programáticos, a maioria quase cartoriais.

Uma linha nacional una, assim, quase nunca é possível para a maior parte das agremiações.

Desenho semelhante acontecerá nas eleições municipais do ano vindouro.

Governadores - como o de Pernambuco, Paulo Câmara - que se apóiam em amplo espectro partidário enfrentarão, inevitavelmente, a fragmentação de sua base na disputa local.

Fenômeno natural, que pouco a nada interfere nas alianças concertadas em plano estadual.

Unir é sempre bom e o eleitorado gosta.

Mas nem sempre é possível.

Um governo municipal hoje integrado por larga e heterogênea composição, com possibilidade de reeleição, pode ou não manter sua base de apoio.

Dissidências poderão ocorrer - e devem ser encaradas como naturais.

Natural não significa, entretanto, desejável e benéfico.

Sobretudo no instante nacional de crise política e econômica, em que tanto do lado da situação como da oposição, impõe-se a aglutinação de forças.

Da parte do arco partidário que defende a democracia e a governabilidade, e apóia a presidenta Dilma - do qual participa meu partido, o PCdoB -, urge juntar forças, as mais díspares que sejam, mirando a nação.

Mas há dois obstáculos: na base da sociedade, representada pelos movimentos sociais, a variedade de pautas reivindicatórias (justas) conspira em detrimento da unidade em torno das bandeiras nacionais; na esfera dos partidos, a aproximação da disputa pelas Prefeituras e Câmaras de Vereadores, idem.

São pedras no caminho da necessária unidade imediata.

Prestam-se à união em torno de bandeiras setoriais e a arregimentarão de apoios a projetos de governo local.

Atrapalham a união acerca dos desafios do País. Às forças políticas em presença, em tais circunstâncias, cabem descortino, amplitude e maturidade.

Para que a conta de somar seja maior do que a de dividir.