Não tinha duas semanas os governistas apelavam para se reunir com FHC e queriam diáologo com os tucanos.

Em uma semana, tudo mudou.

A velha estratégia de jogar regiões mais pobres contra outras mais ricos, brancos contra negros, pobres contra ricos, na versão nós contra ele, está de volta.

Nesta quarta, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), declarou, em discurso no plenário da Casa, que as manifestações programadas a favor do governo têm deixado o PSDB nervoso e isolado.

Os “movimentos sociais”, sindicais e juvenis, patrocionados pelo governo desde sempre, estão mobilizados para realizar amanhã, quinta-feira, manifestação em todo o país defendendo o governo Dilma. “A mudança de conjuntura no país, com o início de uma grande concertação nacional em favor do desenvolvimento da nação apoiada por todos os setores mais responsáveis da sociedade” e com a inauguração de uma agenda positiva para a população, fez bater um enorme desespero entre os tucanos”. “É o desespero de ter perdido quatro eleições presidenciais consecutivas e de ver se esvair a oportunidade que julgavam ideal para golpear a democracia brasileira, impedir uma presidenta legitimamente eleita de governar e chegar ao poder pela contramão da história”, afirmou. “O nervosismo da oposição aumentou depois que os seus líderes viram a redução do número de participantes nas manifestações do último domingo – mesmo com todo o dinheiro que irrigou os protestos e o apoio prestado por eles, que viajaram o país tentando inflamar a população”. “O lexotan parece ter acabado em Higienópolis.

Só pode ser essa a justificativa para a escalada de ansiedade e agitação inaugurada esta semana nesse ninho tucano onde não se choca outra coisa que não o ovo da serpente”, disse Humberto Costa.

No discurso, o parlamentar ressaltou a legitimidade dos protestos contra o Governo, assim como a sua legalidade.

Para o líder do PT, eles merecer ser recepcionados e ter todo o reconhecimento de um Estado democrático de Direito, como o brasileiro. “Mas as manifestações menores do que as de 15 de março demonstram que os brasileiros verdadeiramente insatisfeitos, que não estão alinhados a partidos de oposição, entenderam que os ventos estão mudando e resolveram se somar aos esforços para tirar o país da crise, em vez de empacarem nas ruas”, disse. “Os brasileiros insatisfeitos querem mudanças no governo e no Brasil, mas rechaçam o golpismo, o impeachment e qualquer saída que flerte com a ruptura da ordem democrática.

Os brasileiros insatisfeitos com a atual conjuntura querem saídas sérias para a crise.

Não querem agravá-la”, disse.

Fala de FHC O senador criticou o pedido de renúncia da presidenta Dilma Rousseff feito por Fernando Henrique Cardoso, e seguido depois por outros tucanos, e disse que o PSDB caminha contra o país. “Eles são, realmente, o maior partido de oposição ao Brasil, como bem disse, em ato falho, o presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves”, ironizou Humberto.

Para Humberto, o posicionamento do ex-presidente, expressado em rede social, “não há de ser nada”. “Fernando Henrique já nos disse uma vez que esquecêssemos tudo o que ele escreveu.

Pois essa nota será mais uma entre as tantas obras do ex-presidente que os brasileiros mandarão solenemente para o esquecimento”, afirmou.

O líder do PT citou nominalmente as muitas entidades políticas, econômicas e sociais que têm pedido altivez e responsabilidade de todos para trabalhar a fim de manter o país nos trilhos – “ao contrário da postura do PSDB, que aposta na tese do “quanto pior, melhor”.

Entre as instituições estão as duas maiores federações de indústrias brasileiras, a Fiesp e a Firjan, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e as Confederações Nacional da Indústria (CNI), dos Transportes (CNT) e da Saúde (CNS).

Grandes jornais no Brasil e no exterior, como o americano New York Times, também já se posicionaram contra o impeachment de Dilma. “Não adianta querer travestir de legalidade o que fica evidente para todos – no Brasil e no exterior – como um vergonhoso golpe que se quer aplicar à nossa democracia.

Em razão disso, quero externar o meu repúdio a essa nova quartelada do PSDB, que – tenho certeza – deve envergonhar muita gente da boa cepa do partido”, disse Humberto.