Na Folha Press A maioria dos manifestantes que compareceram ao ato contra a presidente Dilma Rousseff na avenida Paulista, no domingo (16), considera graves escândalos que envolvem políticos da oposição, como o caso do cartel dos trens em São Paulo e o mensalão tucano, mas em menor grau do que aqueles que têm participação de políticos de partidos governistas, como a Lava Jato.
A conclusão é de pesquisa realizada pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação, da USP.
Questionados sobre cinco casos de corrupção que aconteceram nos últimos anos -a Operação Lava Jato, a Operação Zelotes, o cartel dos trens, o mensalão e o mensalão tucano-, 99% dos entrevistados afirmaram que a Lava Jato e o mensalão são “graves”.
No caso do mensalão tucano, 80% disseram que o caso é “grave”, 7% o consideraram “não grave” e 13% disseram não saber sobre o assunto.
Sobre o cartel de trens em São Paulo, 87% consideram o tema “grave”, 5%, “não grave”, e 7% disseram não saber.
Os pesquisadores da USP também perguntaram aos manifestantes, dentre as principais figuras políticas do governo e da oposição, quais eram considerados corruptos. “Quando vai para o nível pessoal, a variação é maior do que nos casos de corrupção”, diz Pablo Ortellado, um dos coordenadores da pesquisa.
Desse modo, os tucanos listados -o governador paulista Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves (MG)- são vistos como corruptos por menos da metade dos manifestantes, ao contrário do que ocorre com personagens ligados ao governo.
Alckmin é corrupto para 42% dos entrevistados, enquanto Aécio é visto como corrupto por 37%.
A presidente Dilma, o prefeito e ex-ministro Fernando Haddad (PT) e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), são considerados corruptos por mais de 70% dos entrevistados.
A pesquisa também avaliou como os manifestantes veem a colocação do Estado em relação aos cidadãos.
A maioria dos manifestantes acredita que saúde e educação devem ser universais e gratuitas, discurso que vai de encontro a o que pregam os principais grupos que organizam os atos. “É um nível surpreendente, dado o perfil dos manifestantes”, analisa Ortellado.
Sobre o transporte público gratuito, pauta das manifestações de junho de 2013, 50% dos entrevistados afirmaram que concorda, total ou parcialmente, com a hipótese.
Os entrevistados também se posicionaram de maneira liberalizante em temas como aborto, legalização da maconha e relacionamentos homoafetivos.
A íntegra da pesquisa está disponível no site do grupo de pesquisa.
Foram entrevistadas 405 pessoas maiores de 16 anos, entre as 12h e as 17h30 de domingo, na avenida Paulista.
A margem de erro é de 4,9 pontos percentuais.