Dilma precisa pensar no Brasil Por Marco Aurélio Medeiros A mistura de crises que vem abalando o País obriga o cidadão a buscar alternativas para enfrentar as dificuldades, que aparecem cada vez em maior intensidade.

A crise econômica alimentou a crise política, e o inverso se deu, talvez, em uma proporção ainda maior.

Diante disso, as pessoas, que antes preferiam assistir a tudo antes de assumir uma posição, hoje, mostram-se mais dispostas a discutir com mais profundidade o futuro do Brasil.

Sem apego a palanques partidários, os cidadãos não querem apenas continuar observando.

Mostrar-se insatisfeito com o que ocorre deixou de ser uma opção restrita a “golpistas” ou a “militantes cegos”.

O Brasil que vemos não é, nem de perto, o Brasil que queremos.

Sem entrar no mérito diretamente da discussão de um provável impeachment da presidente Dilma Rousseff e sua impressionante reprovação, muita gente quer saber o que pode ser feito para uma real virada de página na situação do País.

A expressão da moda no primeiro semestre, ajuste fiscal, não representava, no primeiro momento, muita coisa para a maioria dos brasileiros.

Contudo, havia, para muitos, um indicativo de luz no final do túnel.

Essa luz ficou cada vez mais distante e, sinceramente, nem sabemos se ela ainda existe.

Essa ausência de perspectiva pede uma mudança urgente de postura do Governo Federal.

O Brasil travou em 2015, e não há santo que possa indicar quando as engrenagens da máquina pública voltaram a trabalhar em um ritmo que possa satisfazer Estados, municípios e, principalmente, a população.

Um processo de impeachment, como muito tem se falado - e isso desde o ano passado-, seria muito traumatizante para o País.

Vivemos em uma democracia muito jovem, que sofre ainda com assombros de um período muito duro, com a ditadura militar, e que esperamos nunca mais experimentar.

Porém, não podemos classificar qualquer movimento de contestação ao que aí está de golpe.

Contestar é um direito dos agentes políticos e, sobretudo, do cidadão que vem pagando a conta no cotidiano.

A inflação voltou, o desemprego é real e cruel, e a lógica perversa do atual pacto federativo massacra municípios de todas as regiões.

A possível saída da presidente Dilma Rousseff do comando do Executivo Nacional pode diminuir a tensão que vem dominando o País.

A governante tem que colocar o futuro do Brasil à frente das pretensões de seu partido e de qualquer projeto de poder que só olhe para o poder.

Precisamos respirar um novo ar de esperança e isso, está comprovado, ela não conseguirá mais nos dar.

A mudança se faz necessária nesse tempo de extrema turbulência e falta de fé.

A presidente precisa pensar no Brasil e renunciar.

Marco Aurélio Medeiros é vereador do Recife e vice-líder do Governo na Câmara Municipal.