Caminho para Complexo de Suape.
Foto: Edmar Melo/JC Imagem.
Por Marcela Balbino, repórter do Blog Afetado diretamente pelos escândalos de corrupção na Petrobras, o Complexo de Suape vivencia tempos áridos.
Outrora sinônimo de pujança econômica, Suape - que em 2012 foi responsável por 7% a 8% no Produto Interno Bruto (PIB) de todo o Estado - enfrenta os efeitos do declínio de um ciclo econômico.
No rastro da contração do empreendimento, o município de Ipojuca sente de perto os dissabores da crise.
Apesar do crescimento elevado na arrecadação, a maioria das pessoas é pobre, de modo inversamente proporcional ao PIB per capita, de R$ 138 mil.
Especial recente publicado no Jornal do Commercio, Documento Suape 2015, traz à tona as mazelas sociais deixadas pela desmobilização em massa e os efeitos adversos do crescimento.
Suape entrou em declínio e as eleições de 2016 se enredam neste cenário.
Quem estiver na cadeira de prefeito terá pela frente o desafio de racionalizar e reduzir custos.
Após ter experimentado crescimento de receitas de 7,6% ao ano, Ipojuca precisa de articulação para buscar recursos em outras fontes - seja no âmbito estadual ou federal.
Foto: Fernando da Hora/JC Imagem.
Com PIB de R$ 9,1 bilhões, Ipojuca entra na mira de pelo menos três candidatos de oposição, além do atual prefeito, Carlos Santana (PSDB), que cumpre o quarto mandato (1988 a 1992|1997 a 2000|2001 a 2004) e mira a reeleição.
Eleito em 2012 com a ajuda do ex-governador Eduardo Campos (PSB), Santana evita antecipar especulações sobre o debate eleitoral. “Estou focado nos problemas imediatos, econômicos e sociais do município, advindos deste momento.
Assim sendo, não posso me dedicar ao tema eleições.
Ainda é cedo.
Mas a reeleição é possível”, afirmou o gestor, por e-mail.
Segundo Santana, a gestão tem exigido mais esforços da prefeitura - reflexo da crise na Petrobras. “Tudo é emergencial, mas sobre metas a cumprir nossas preocupações batem com a pauta nacional.
Nos primeiros meses dessa gestão ouvimos a população dos distritos sobre suas prioridades e os próprios moradores nos apontaram os segmentos da Educação, Saúde, Infraestrutura e Segurança Pública.
Do total das ações propostas pelas comunidades neste Seminário fico feliz em constatar que já executamos 70% das demandas apontadas”, explicou o prefeito.
Carlos Santana, prefeito de Ipojuca, vai disputar reeleição.
Foto: Clemilson Campos/JC Imagem.
Sobre a ausência de Campos na disputa, Santana demonstra segurança com o caminho trilhado em sua gestão.
Ele disse que ainda não iniciou as conversas “nem com o governador Paulo Câmara nem com outro político”.
Após sair derrotado nas últimas eleições para prefeito por uma diferença de 215 votos, o ex-vereador Romero Sales (PTB) pretende entrar novamente na disputa.
Vereador por cinco mandatos, Sales candidatou-se em 2014 para deputado federal e obteve 14 mil votos somente dos ipojucanos.
Na cidade são necessários pouco mais de 20 mil votos para levar a prefeitura. “Precisava entrar na disputa para sentir o termômetro do eleitorado”, explicou.
Romero Sales perdeu as últimas eleições, em 2012, por diferença de 215 votos.
Foto: Clemilson Campos/JC Imagem.
Correligionário de Armando Monteiro Neto, o petebista afirmou que o ministro deu “carta branca” para a disputa no município. “Precisamos traduzir a receita em qualidade de vida para o nosso povo”, afirmou o pré-candidato, em tom de campanha.
Morador de Porto de Galinhas, Luan Carvalho (PT) busca pavimentar o caminho para entrar na primeira disputa em 2016.
Na análise do petista, o prefeito não prioriza áreas essenciais, como saneamento básico e habitação. “A crise econômica existe para todo mundo em todo País, mas em Ipojuca não deveria ter chegado com esse impacto, pois nós temos uma arrecadação muito alta.
Acredito que as dificuldades não estão sendo pautadas de forma correta”, comentou.
Carvalho é cria política do ex-promotor de Justiça de Ipojuca Miguel Sales, que faleceu em novembro do ano passado. “A grande prioridade para uma cidade como Ipojuca, cuja arrecadação é alta, mas com o IDH absurdamente baixo, seria cuidar dos mais pobres.
Aqui, o atual gestor diz que pegou herança maldita do anterior, e o anterior joga para o mais antigo.
Eu quero falar de futuro e fazer de Ipojuca uma cidade próspera para os cidadãos”, defendeu Carvalho.
Ex-prefeito de Ipojuca, Pedro Serafim Filho é nome cotado para disputa.
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem.
Outro grupo que não pode ser esquecido no xadrez eleitoral é a família Serafim, tradicional na política ipojucana.
Prefeito por duas vezes, Pedro Serafim Filho (PDT) traça um paralelo com a disputa pela Prefeitura do Recife e afirma adotar a mesma linha do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Ele assegura que ainda é cedo para discutir sucessão municipal.
Para ele é “desserviço” antecipar o debate em meio à crise política no Brasil.
Historicamente como força de oposição a Santana, Serafim afirma que ainda não é pré-candidato, mas também não nega uma possível candidatura. “Quando chegar à época propícia de fazer as críticas, vamos fazer, mas por enquanto vamos analisar nossos quadros”, pontuou.
Por ora, o ex-prefeito descartou alianças.
Nos bastidores, comenta-se que Serafim aguarda o ‘clamor dos eleitores’. “Estou deixando esse quadro para 2016.
A gente está vendo a situação do País e ninguém sabe os rumos que o Brasil vai tomar.
Ipojuca é um município que sofreu com essa questão de Suape, em termos de desemprego.
Eu não tenho feito oposição para não prejudicar o município, porque eu não sei tirar proveito do “quanto pior, melhor”, acho que a população não merece isso.
Espero que o prefeito acerte”, asseverou.
TCE - Sobre a auditoria especial feita pelo TCE apontando prejuízo superior a R$ 10 milhões de prejuízo por superfaturamento e despesas indevidas para obras no sistema de coleta, tratamento e destino de águas em Ipojuca nas gestões de Carlos Santana e Pedro Serafim, o prefeito demonstra confiança que não será punido. “O convênio do esgotamento sanitário de Porto de Galinhas foi julgado tanto na Justiça Federal quanto no Tribunal de Contas da União no que fui isentado de qualquer responsabilidade.[…] Foi interposto recurso e, sem trânsito em julgado, a matéria não pode ser questionada em impugnação de registro.
Estou confiante que, com os esclarecimentos devidos, a mínima parte que me foi imputada pela auditoria Especial será afastada pelo TCE”, comentou.