Marta Suplicy na passagem pela Fenearte.

Foto: Marília Banholzer/BlogImagem.

Força pernambucana, por Marta Suplicy, na Folha de S.

Paulo Amiga de muitos de seus amigos, acompanhava com interesse o dinamismo e a capacidade política de Eduardo Campos.

Quando fui candidata à prefeitura em 2008, o vice, Aldo Rebelo (PCdoB), empenhava-se para termos o apoio do PSB.

Grande amigo de Eduardo, Aldo me cobrava um telefonema convidando o governador de Pernambuco para vir a São Paulo dar apoio publicamente.

Eu explicava que o recado estava superdado, mas ele não atendia nem retornava.

Após algumas semanas, ele veio.

Nos encontramos num almoço nordestino de campanha, com as fotos de praxe.

Passados alguns anos, lembrei a ele do sofrimento que foram aqueles dias sem resposta.

Por que, Eduardo?

Porque não tinha o que dizer, Marta.

Essa frase, na época, ainda era misteriosa para mim.

A tragédia da morte prematura de uma liderança tão jovem, mas já tão tarimbada, e que disputava a Presidência da República, deixou marcas profundas e um partido sem seu maior líder.

Logo nas primeiras conversas com o PSB conheci seu presidente, o também pernambucano Carlos Siqueira, que me impressionou por sua visão e capacidade de compreensão do grande processo político que vivemos, além de imediata simpatia pessoal.

Formação política sólida, capacidade de escuta, doçura e firmeza de uma liderança que sabe da responsabilidade que seu partido tem em buscar os caminhos para tirar o Brasil desta terrível crise.

Fui a Pernambuco participar da abertura da Feira de Artesanato, paixão de Renata e Eduardo, e do seminário organizado pela Fundação Mangabeira.

A acolhida do governador Paulo Câmara, do prefeito Geraldo Julio e esposas não poderia ter sido mais fraterna.

Jovens capazes e dedicados, imagem de um Brasil do futuro.

Não deixarei de lembrar o almoço na casa de Renata com as presenças de Ana Arraes, Rodrigo e Márcia Rollemberg, Adriana e Fernando Bezerra, Beto Albuquerque e Casagrande, quando Geraldo Julio colocou a música preferida de Eduardo, “Evidências”: “Diz que é verdade, que tem saudade, que ainda você pensa muito em mim.” Todos se emocionaram.

Eduardo estava ali: nos semblantes de seus companheiros queridos e na força daquela mulher que segurava o pequeno Miguel.

Saí com o sentimento que o futuro do Brasil passa por gente desse calibre e pelo resgate da esperança e determinação que presenciei.

Senti-me parte daquela família, com a qual quero continuar convivendo e aprendendo.

Dia 10 de agosto, Eduardo completaria 50 anos.

Aos fortes e queridos pernambucanos, minha homenagem e solidariedade.

Neste momento de crise aguda e incertezas, reitero que não iremos “desistir do Brasil”.