Por Marcos Menezes vereador do Recife A pesquisa desenvolvida pela Fundação Getúlio Vargas, que compõe o estudo “Vitimização e risco entre profissionais do sistema de segurança pública”, revela dados alarmantes, atesta o perigo da rotina dos policiais, e mostra o quanto a sociedade os discrimina.

Como delegado de polícia, sei bem que exercer este ofício é uma tarefa dificultosa, digna de ato de heroísmo.

LEIA MAIS: » Sete entre dez profissionais de segurança tiveram colegas assassinados, diz pesquisa De acordo com os dados da pesquisa, que ouviu 10.323 profissionais de segurança de vários estados, sete em cada dez policiais têm colegas assassinados.

Quem trabalha no meio sabe que facilmente vem à mente o nome de um colega que tenha nos deixado.

O drama dos profissionais é diário.

Somente em 2013, 490 profissionais de Segurança Pública foram assassinados.

Os policiais têm seus direitos violados diariamente.

Trabalham de peito aberto, sem o mínimo de segurança.

Como alento, recentemente, foi sancionada a lei que torna crime hediondo o assassinato de policiais civis, militares, rodoviários, federais e integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança Pública e do Sistema Prisional.

Ela vale tanto para o âmbito profissional quanto ao cargo exercido.

Mas ainda há muito por fazer.

Para se ter uma ideia do quanto é difícil exercer a função de profissional de segurança no Brasil, 44,3% dos entrevistados escondem a farda ou o distintivo no trajeto entre a casa e trabalho; 35,2% escondem de conhecidos o fato de que são profissionais de segurança pública; e 61,8% evitam usar transporte público.

O que devia ser um ofício de orgulho se torna um martírio.

O que entristece, algo que a pesquisa reforça, é que a vitimização sofrida pelo policial é muito pouco difundida.

A sociedade simplesmente ignora casos desse tipo.

Enquanto isso, os profissionais estão servindo a população desprotegidos.

Considero ideal que todos os governos das Unidades Federativas criem delegacias voltadas para a apuração de crimes contra policiais.

Outra medida poderia ser adotada pelas secretarias de Defesa Social, com a instituição de um setor destinado exclusivamente para cuidar dos casos de violência aos policiais.

A sociedade precisa se dar conta desses dados.

O policial é um servidor da população, não um inimigo.

Eventos como o Fórum internacional de Segurança Pública, realizado entre os dias 28 e 31 de julho, no Rio de Janeiro, precisam ser acompanhados pelo grande público.

Trabalhar nessa área é uma batalha diária.

O debate precisa se expandir.