Foto: Lula Marques/ Agência PT Por Maurício Garcia, especial para o Blog de Jamildo A pesquisa divulgada pela CNI no início do mês, e realizada pelo IBOPE Inteligência, passou a ser uma referência histórica por ter sido a primeira na qual a popularidade da presidente Dilma Rousseff deixa de ter dois dígitos, chegando a 9% de avaliação positiva (sendo 1% de ótimo e 8% de bom).
O estudo mostra que dois em cada três brasileiros dizem-se satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida que vêm levando.
O que mais esse alto nível de satisfação com a vida tem a nos dizer nesse momento?
Um dado já esperado pelo senso comum: quanto maior o poder aquisitivo do entrevistado, maior seu grau de satisfação com a vida, ao ponto que, entre aqueles com rendimento mensal familiar de até um salário mínimo, 56% se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com suas vidas (10 pontos percentuais a menos do que a média nacional), enquanto 43% afirmam estar insatisfeitos ou muito insatisfeitos com ela (quase meio a meio).
Outros dados nem tão esperados mostram que: Os homens estão mais satisfeitos com suas vidas (71%) do que as mulheres (62%).
Os jovens são mais exigentes?
Não nesse caso: quanto menor a idade do entrevistado, maior a chance dele se dizer satisfeito com a vida que tem (74% de satisfação entre quem tem de 16 a 24 anos e 62% entre aqueles com 55 anos ou mais).
No Nordeste 68% estão satisfeitos ou muito satisfeitos com suas vidas e 30% estão insatisfeitos ou muito insatisfeitos com ela, uma predominância clara do otimismo.
Contudo, vale dizer também que, no tempo, os dados de 2015 são mesmo os piores dos últimos anos: O grau de satisfação com a vida dos brasileiros está num patamar alto há um bom tempo e tem uma leve queda em 2015.
Vemos também que neste ano o índice de insatisfação alcança seus índices mais altos.
Mas, afinal, como está o sentimento do brasileiro?
Nesse caso, o mais correto é dizer que uma parcela cada vez maior está avaliando negativamente o governo federal, mas não avalia com o mesmo criticismo a sua própria vida. Óbvio que a primeira pergunta é muito mais direta e precisa: o IBOPE Inteligência perguntou ao eleitor sua avaliação pessoal sobre uma administração específica no tempo, e nesse aspecto a postura é mais negativa.
Já a segunda pergunta, sobre a satisfação com a vida, leva em conta também aspectos subjetivos da vida pessoal de cada um dos 2002 entrevistados, mas apesar de abrangente, mostra uma tendência positiva, de que não há no país um mau humor generalizado, o que é bom para a sociedade, pois o momento é delicado em relação à economia, e todo sentimento positivo é importante para superar as atuais dificuldades. É preciso, portanto, muito cuidado e atenção na análise dos dados.
Num primeiro momento eles podem nos parecer contraditórios, porém, podem revelar nuances e possibilidades muito interessantes para a sociedade na atual conjuntura. *Maurício Garcia é sociólogo e diretor regional do IBOPE Inteligência no Recife