Pernambuco ocupa o 4º lugar em exportação no NE.

Boa parte dos produtos saem pelo Porto de Suape.

Foto: Edmar Melo/JC IMagem Por Marcela Balbino, repórter do Blog Em tempos de retração econômica e com o mercado interno saturado, a exportação tem sido o caminho encontrado por algumas empresas do Nordeste e do Brasil para driblar o mau momento financeiro.

Com boa dose de coragem, inovação e adoção de conceitos de sustentabilidade, empresários têm visto no comércio além-mar uma alternativa para aumentar o faturamento nos negócios.

Lançado em junho último, o Plano Nacional de Exportação (PNE) surge como mola propulsora para estimular novos negócios, apesar do cenário pouco favorável.

Porém, a falta de informações, combinada com a ausência da cultura exportadora, contribui para afastar o empresariado do comércio internacional.

Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o Brasil tem 16 milhões de empresas.

Dessas, apenas 20 mil são exportadoras.

A discrepância se repete em Pernambuco.

Somente 209 empresas do Estado mandam os produtos para fora das fronteiras.

E o número está em queda desde 2000 – época em que teve início o mapeamento – quando eram 290 empreendimentos.

Quer por falta de conhecimento ou orientação, um órgão que poderia ajudar no processo ainda é pouco requisitado.

A Apex atua em parceira com os governos estaduais para mapear as fragilidades e potencialidades das micro, média e pequenas empresas no quesito exportação.

A grosso modo, ela é um Sebrae com os olhos voltados para o comércio exterior.

Para vencer a barreira do desconhecimento, a agência pretende rodar o País até o fim deste ano e aprofundar as relações com os governos.

Rodrigo Gedeon, da Apex, explica que principal dificuldade para exportar é a falta de equipes preparadas nos Estados.

Foto: Divulgação.

Para Rodrigo Gedeon, coordenador substituto da gerência de investimentos da Agência, a principal dificuldade para desenvolver a parceria é a falta de equipes qualificadas nos Estados.

A gerente de comércio exterior da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Ivone Malaquias, explica que o principal fator para a presença pífia dos produtos brasileiros no comércio exterior é a falta de cultura exportadora. “Quem se mantém fiel são empresas que trabalham com produtos tradicionais, com as frutas do Vale do São Francisco, açúcar, Baterias Moura, borracha.

As outras entram e saem.

Nosso maior trabalho é fazer com que o empresário tenha mentalidade internacional”, explicou Malaquias.

Arte: Guilherme Castro/NE10 Experiente na área, a gerente explica que em épocas de crise as empresas costumam recorrer à exportação.

Mas ela alerta que o processo não é instantâneo e são necessárias vencer etapas para se inserir no mercado internacional. “A média é de 5 anos para que uma empresa consiga se consolidar no comércio exterior – porém a regra está sujeita a exceções.” LEIA TAMBÉM: » Pernambuco no mundo: empresas do Estado apostam no mercado internacional PE TIPO EXPORTAÇÃO - O Nordeste ainda tem imenso potencial em termos de exportações, equivalente à participação da região no Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

A perspectiva é da gerente de Estratégia de Mercados da Apex-Brasil, Ana Paula Repezza.

Na região, Pernambuco ocupa o 4º lugar, atrás de Bahia, Maranhão e Ceará.

Em 2014, o Estado movimentou U$ 943 milhões, o correspondente a 5,9% do total do Nordeste.

Levantamento da Apex aponta que, juntos, os Estados nordestinos movimentaram U$ 15,9 bilhões em 2014.

A China é a principal rota da exportação dos produtos do Nordeste.

Em seguida vêm os Estados Unidos.

As maiores quedas das exportações em 2014 foram para Argentina (-33,2%) e Países Baixos (-18,9%).

Na última década (2004-2014), a exportação no Estado teve crescimento médio de 6,2% ao ano.

Em números absolutos, foram US$ 518 milhões em 2004, contra US$ 944 milhões em 2014.

Na pauta de exportação, destacam-se as lavouras permanentes, principalmente as mangas e uvas do Vale do São Francisco.

As frutas movimentaram no acumulado 12,1% do total.

A fabricação e o refino de açúcar ocupam o primeiro lugar nas exportações (21,3%), seguido da fabricação de produtos químicos orgânicos (13,9%).

Em 2014, Pernambuco exportou seus produtos para quatro países: Holanda (19,7%), Argentina (18,3%), Estados Unidos (11,1%) e Venezuela (7,6%).

Para exportar, um dos critérios a serem avaliados é a apresentação do produto para o mercado internacional.

De olho nisso, a Apex tem um projeto chamado Design Embala, com a proposta de disseminar entre as empresas a importância de agregar valor aos produtos por meio do design de embalagem, com atributos de inovação e sustentabilidade. “A inovação é o caminho para vencer o mercado exportador”, afirma Adriana Rodrigues, coordenadora de competitividade da Apex. “Às vezes, inovação não está necessariamente ligada à tecnologia, mas a adaptação do projeto à realidade local”, justifica.

E para ampliar, diz, tem de haver diversificação da pauta de produtos e destinos, bem como difusão de cultura para qualificar e aumentar o número de empresas exportadoras, alinhado ao Plano Nacional de Exportações (PNE) 2015-2018 do governo federal.