Na Folha de São Paulo O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta segunda (20) que aceita ficar cara a cara na CPI da Petrobras com o delator da Lava Jato Julio Camargo.

Mas defende que sejam aprovadas acareações de Dilma Rousseff e de ministros do governo.

Para Cunha, Dilma faria acareação com o doleiro Alberto Youssef.

E os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social) fariam com o dono da UTC, Ricardo Pessoa.

Desde sexta (17) Cunha ataca o governo para tentar se defender da acusação do lobista Julio Camargo, segundo quem ele foi destinatário de US$ 5 milhões em propina.

Cunha nega as acusações e atribui a uma operação do governo junto à PGR (Procuradoria-Geral da República) a mudança no depoimento.

O pedido de acareação Cunha-Camargo partiu do PPS. “É oportunista de alguns querer falar de uma acareação comigo”, disse Cunha. “Estou disposto a fazê-la a qualquer tempo.

Agora também aproveitem e convoquem todos que estão em contradição.

O ministro Mercadante e o ministro Edinho negam aquilo que foi colocado pelo Ricardo Pessoa.

A própria presidente nega o que foi colocado pelo Yousseff.

Que se faça acareação de todos.” Pessoa, em sua delação, disse ter repassado recursos via caixa dois à campanha de Mercadante em 2010.

Sobre Edinho, disse que o então tesoureiro da campanha de Dilma o pressionou a doar para manter obras no governo.

Youssef afirmou em sua delação que a presidente Dilma sabia da corrupção na Petrobras, origem da Lava Jato.

A aliados, Cunha usa o mesmo argumento em resposta aos que defendem seu afastamento da presidência da Câmara: o de que seus críticos também deveriam pedir o afastamento de Dilma, de Mercadante e de Edinho.

Em conversas com integrantes da oposição, Cunha tem manifestado ainda a intenção de excluir o PT do comando das duas CPIs antigoverno que devem começar em agosto, quando o Congresso volta do recesso: a do BNDES e a dos Fundos de Pensão.

Na instalação da CPI da Petrobras, quando ainda não estava rompido abertamente com o Planalto, ele não se opôs a que o PT ficasse com a relatoria da comissão.

A defesa de Cunha apresentou nesta segunda uma reclamação ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra atos do juiz Sergio Moro, responsável pela investigação de corrupção na Petrobras.

Cunha pede uma decisão provisória para que o processo sobre suposta corrupção na contratação de navio sonda pela Petrobras seja suspenso na Justiça do Paraná e enviado ao STF.

Foi a Moro que Julio Camargo citou propina de US$ 5 milhões a Cunha.

Cunha já é alvo de investigação no STF.

Camargo, em tese, teria feito a mesma afirmação sobre ele à PGR.

Os advogados de Cunha pedem ainda que o STF determine a anulação de eventuais provas produzidas sob a condução de Moro.

Dizem que o juiz feriu competência do STF ao investigá-lo, já que deputados só podem ser alvo de apuração no Supremo.