Por Michel Zaidan Em evento, na Pós-graduação de Ciência Política, da UFPE, foi perguntado ao então vice-presidente da República, o senador Marco Antonio Maciel, que ele achava da legislatura que elegeu Severino Cavalcanti à Presidência da Câmara dos Deputados.

O experiente e cauteloso parlamentar respondeu que não era nem melhor, nem pior do que as anteriores.

E que a crise do afastamento de Cavalcanti, em função do achaque ao dono da cantina do Congresso, era perfeitamente assimilável.

Não sei o que o velho político pernambucano diria da atual legislatura e da crise que se avizinha, para o segundo semestre.

Uma coisa é certa: nunca se viu um Parlamento dirigido por dois políticos totalmente suspeitos de receberem propina das construtoras envolvidas no escândalo da Petrobrás, e que ameaçam de retaliação, usando os importantes cargos que ocupam, as instituições policiais, judiciárias e políticas da República brasileira.

Até quando, vamos tolerar essa chantagem institucional de um Poder contra o outro, em razão de um inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, pela Justiça Federal, pelo a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República. 0 que tem a ver com isso o ministro da Justiça - longamente interrogado na CPI da Petrobrás - a Presidente da República, ela mesma objeto de processos judiciais em curso, ou as instituições responsáveis pelo cumprimento da Constituição e das leis no Brasil.

Em conversa reservada com o presidente da OAB, disse que quanto mais autônomas, independentes, livres, despartidarizadas forem nossas instituições republicanas, mas garantido será o resultado de qualquer das investigações ou decisões judiciais, sempre passíveis de recursos e mais recursos nos tribunais competentes da União.

A partidarização ou o uso político dessas instituições provoca desmoralização dos agentes públicos, sobretudo os que são os guardiães da jurisdição constitucional no País.

Se não preservarmos a ação desses agentes, ninguém - no final - terá razão nenhuma.

Não haverá instância recursal acreditada perante os cidadãos e cidadãs para decidir e se fazer respeitar pela sociedade brasileira.

A declaração de guerra feita pelo ocupante eventual da Presidência da Câmara dos Deputados de que retaliará a Presidente da República, caso seja denunciado pelo STF por si só é uma confissão de culpa.

Quem não deve, não teme.

E é obrigação dos homens públicos darem satisfação de seus atos à Justiça e à Opinião Pública.

Não há cidadão acima da lei.