Luis Macedo / Câmara dos Deputados Folhapress - A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta (9) mais um capítulo de sua proposta de reforma política, desta vez reduzindo o tempo do período eleitoral e estabelecendo limites para o financiamento e os gastos das campanhas.
O texto -com propostas que não implicam em mudança da Constituição- ainda pode ser alterado substancialmente, porque as emendas só serão votadas na terça-feira (14).
Após isso, as medidas seguem para o Senado.
A votação foi marcada por desentendimentos sobre o conteúdo do projeto, alterado várias vezes ao longo do dia antes de ir a votação.
Com o argumento de que é preciso diminuir o custo das campanhas, a proposta reduz o período eleitoral e a propaganda no rádio e na televisão.
No primeiro caso, a campanha encolhe à metade, dos atuais 90 para 45 dias.
Hoje, a disputa se inicia oficialmente no início de julho.
Se a mudança entre em vigor, a largada se daria em 15 de agosto.
O período de propaganda no rádio e na TV cairia de 45 para 35 dias no primeiro turno.
Críticos da medida argumentam que ela beneficiaria candidatos já estabelecidos e com mais recursos, e dificultaria a renovação da política.
O projeto aprovado nesta quinta (9) também impõe novos limites para as doações políticas das empresas.
Elas continuariam limitadas a 2% do faturamento bruto, mas não poderiam ultrapassar R$ 20 milhões.
Cada empresa só poderia doar até 0,5% do faturamento a um único partido.
Maior indústria de carnes do mundo, a JBS foi a maior doadora das eleições do ano passado, quando distribuiu R$ 367 milhões a candidatos.
Críticos da proposta, que foi relatada pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendiam um limite mais severo.
O projeto proíbe ainda que empresas com contratos de execução de obras com órgãos e entidades da administração pública façam doações nas regiões em que atuam.
Uma primeira versão do texto proibia qualquer doação de empresas que tivessem contratos com o setor público, mas acabou sendo revista. “Essa regra iria praticamente inviabilizar o financiamento privado”, disse o deputado Índio da Costa (PSD-RJ).
Já em relação aos gastos dos candidatos, o texto coloca como teto os valores declarados nas eleições de 2014.
Os candidatos às eleições para presidente, governador e prefeito, por exemplo, só poderiam gastar o equivalente a 70% do maior custo declarado para o cargo, em suas respectivas regiões.
Nas eleições posteriores caberia à Justiça Eleitoral corrigir os valores com base na inflação. “O abuso do poder econômico continua imperando assim.
O limite está muito acima do que a maioria dos candidatos gastou nas últimas eleições e isso consolida as campanhas riquíssimas”, disse Henrique Fontana (PT-RS).
O projeto cria ainda uma barreira para a participação de candidatos de partidos nanicos em debates.
As emissoras seriam obrigadas a convidar somente candidatos de partidos com mais de nove deputados federais.
Hoje, o convite deve ser feito a todos que tenham cadeiras na Câmara.
A Câmara já havia aprovado um pacote de mudanças nas regras eleitorais, incluindo mudanças na Constituição, como o fim da reeleição para cargos executivos.
Essas medidas ainda passarão por outra votação na Câmara, que deve ocorrer na próxima semana, e depois serão encaminhadas ao Senado.