Foto: Lula Marques/ Agência PT Após reuniões para tentar conter o agravamento da crise política, a presidente Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, que não pretende deixar o cargo por manobra que considera um “tanto golpista” da oposição e afirmou que não vai cair e que isso é “moleza”.

LEIA TAMBÉM: »Dilma convoca reunião com aliados para discutir ‘clima de impeachment’ Segundo a presidente, as doações recebidas por sua campanha foram regulares e não há motivos que levem a seu afastamento. “Eu não vou cair.

Eu não vou, eu não vou”, disse a presidente . “Vão provar que algum dia peguei um tostão?

Vão?

Quero ver algum deles provar.

Todo mundo neste país sabe que não.

Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido”.

As contribuições, segundo delatores que colaboram na investigação da Operação Lava-Jato, eram uma forma de disfarçar o pagamento de propinas.

Na entrevista, Dilma repete inclusive que não respeita delatores, mesmo quando questionada se isso seria útil para elucidar um caso de corrupção.

A presidente disse também que não há base para um pedido de impeachment e que não teme essa possibilidade. “Não tem base para eu cair, e venha tentar.

Se tem uma coisa que não tenho medo é disso”, afirmou.

Dilma afirmou durante a entrevista que não tem culpa no cartório, “nem do ponto de vista moral, nem do ponto de vista político”.

Do contrário, afirma, se “sentiria muito mal”.

Nega qualquer relação com escândalo investigado na Lava-Jato, que apura principalmente corrupção envolvendo contratos da Petrobras.

A Operação Lava-Jato e o juiz federal Sérgio Moro, que conduz o processo, foram criticados por Dilma.

Ela não chega a citar o nome de Moro, mas diz achar estranho a forma como estão sendo feitas as prisões preventivas e prega o respeito ao direito de defesa para não comprometer o Estado democrático de direito.

Questionada sobre a prisão dos presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez -, ela criticou os fundamentos da decisão de Moro.

O juiz alegou que eles deveriam ser presos porque poderiam repetir os crimes dos quais são acusados no plano de concessões do governo federal, orçado em R$ 198,4 bilhões.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já tinha criticado esse ponto da decisão, dizendo que não há nada que impeça a participação dessas empresas.

Agora, a crítica partiu da própria Dilma.

Ela disse não gostar desse trecho do despacho de Moro.

Afinal, lembrou a presidente, o programa não tem sequer licitação ainda.

Questionado sobre o PMDB, principal legenda da base aliada, com a qual tem uma relação difícil, Dilma diz que o partido é ótimo.

Ela nega que seja o PMDB que queira tirá-la do poder e diz que as derrotas sofridas no Congresso pelo governo ainda podem ser revertidas.