Cunha impõe sua vontade, esmaga minorias em prol da maioria e ainda é comparado ao personagem Frank Underwood, da série cult House of Cards.
Foto: Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados Por Giovanni Sandes Da coluna Pinga-fogo do Jornal do Commercio Para entender por que a Câmara Federal foi lá e aprovou a redução da maioridade penal, é preciso superar a lógica de que toda votação se divide entre oposição ou governo.
A Câmara tem decidido com base no que é popular, como se a sabedoria viesse de pesquisas.
E, claro, pela imposição da vontade de seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB).
Se as bancadas do PSDB e DEM deram massivo suporte à redução, foi da mesma forma que partidos na base e em ministérios da presidente Dilma Rousseff (PT): votaram a favor o PSD do ministro Gilberto Kassab (Cidades), o PRB de George Hilton (Esporte), o PTB de Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e o PR, eterno ocupante da pasta de Transportes.
Sem falar no onipresente PMDB e nos partidos nanicos.
Quem reclama da redução da maioridade buscou informações, discutiu a complexidade do tema e sabe: ela é mais que ineficaz.
E terá consequências muito graves.
Mas a maioria apoia.
Claro, faz diferença Eduardo Cunha manobrar e impor.
Só que os deputados vão na onda, como no aumento de até 78% nos salários do Judiciário e no reajuste de todos os benefícios previdenciários acima da inflação, medidas populares, mas inconsequentes, com potenciais graves problemas futuros.
Ele já foi chamado de ditador e é sempre comparado ao personagem Frank Underwood, da série House of Cards, pelas artimanhas e falta de limites em sua ambição política.
Por impor sua vontade, esmagar a minoria em prol da maioria, pelas manobras e referências ao personagem, chegamos a uma estranha verdade: Cunha é um ditador pop.