No site relatório reservado A Lava Jato empobreceu também o urânio brasileiro.

O desenfreado cerco às grandes empreiteiras praticamente paralisou o programa nuclear nacional.

Que o diga a russa Rosatom, virtual parceira do governo brasileiro para a instalação de novas usinas atômicas.

Nem mesmo as boas relações entre Dilma Rousseff e Vladimir Putin e os seguidos acordos bilaterais entre os dois países resistiram ao juiz Sergio Moro.

A aliança entre a Rosatom e a Camargo Corrêa, que já haviam assinado um memorando de entendimentos para investimentos na área nuclear, desintegrou-se, informa o Relatório Reservado.

Forçada pelas circunstâncias, a construtora cancelou qualquer novo projeto no setor.

Desde então, os russos seguem em busca de um nome para ocupar o vazio deixado pela Camargo Corrêa, de preferência também uma grande empreiteira - afinal, que outro setor no Brasil tem tamanha familiaridade com o negócio?

Praticamente todas as construtoras do primeiro time criaram uma área de defesa e segurança: a Odebrecht, por exemplo, participa do projeto de montagem do primeiro submarino nuclear brasileiro.

Neste momento, no entanto, é mais fácil os russos acharem césio 137 sob o asfalto da Rua das Flores, em Curitiba, do que encontrar uma grande construtora que não tenha sido atingida pela radioatividade do petrolão.

Uma coisa puxa a outra.

Nos últimos meses, as conversações entre a Rosatom e o governo brasileiro esfriaram consideravelmente.

Havia a expectativa de que a própria presidente Dilma Rousseff fizesse uma viagem à Rússia no mês de maio, quando se encontraria com Vladimir Putin para dar continuidade ao projeto.

No entanto, a visita não se confirmou.

Ruim para a Rosatom, que apostou um monte de fichas no programa nuclear brasileiro.

A companhia instalou uma subsidiária no país, a Rusatom Overseas Network, montou uma representação no Rio de Janeiro e designou um de seus mais promissores executivos para comandar os sete funcionários locais, Ivan Dybov.

Muito barulho por nada.

Por ora, a Rosatom fechou apenas um contrato com a Comissão Nacional de Energia Nuclear para o fornecimento de molibdênio-99, usado na medicina nuclear.