Jô e Dilma em entrevista.
Foto: reprodução Facebook de Dilma Folhapress Em entrevista ao “Programa do Jô”, a presidente Dilma Rousseff defendeu o ajuste fiscal e reforçou o discurso de que o cenário de dificuldade econômica no país é “momentâneo”.
Na conversa, Dilma prometeu fazer “o possível e o impossível” para o país “voltar a ter uma inflação bem estável, dentro da meta” e avaliou que a situação econômica do país deve melhorar no final deste ano. “O Brasil tem uma estrutura forte.
Nós estamos enfrentando uma dificuldade momentânea.
Vamos superar essa dificuldade”, disse.
A entrevista foi gravada na tarde de sexta-feira no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e foi ao ar na madrugada deste sábado (13).
Ao longo dos três blocos do programa, Dilma comentou temas como saúde, educação, crise na Petrobras e, principalmente, a economia do país. “O Brasil não passa por uma situação em que ele é estruturalmente doente.
Pelo contrário, ele está momentaneamente com problemas e dificuldades.
Por isso que é importante fazer logo o ajuste pra gente sair o mais rápido possível dessa situação”, disse na entrevista.
Ela reconheceu que o aumento do preço dos alimentos “é uma das coisas que mais me preocupam”. “Sei que é passageiro, mas sei também que mesmo sendo passageiro, afeta o dia a dia das pessoas.” Questionada sobre a taxação de grandes fortunas, a presidente respondeu: “É uma ideia que deve ser avaliada, como todas as boas ideias”.
INVESTIMENTOS Dilma destacou que, ao mesmo tempo em que é feito o ajuste fiscal, o governo vem mantendo investimentos e citou como exemplo o lançamento recente de pacote de concessões em obras de infraestrutura.
Ela mencionou que, em agosto, será lançado uma nova etapa do programa Minha Casa Minha Vida, com mais 3 milhões de moradias disponíveis e fez elogios ao legado deixado pela Copa do Mundo no Brasil. “Nós até podemos ter perdido de 7 a 1 dentro do campo, mas ganhamos fora do campo.” PETROBRAS Questionada sobre o que a motivou a trocar a diretoria da Petrobras em 2012, Dilma justificou que tomou decisão porque “não eram pessoas da minha confiança”.
Entre os que deixaram a empresa, estava Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal. “A Petrobras não é um barquinho que você vira rapidamente.
Passou um ano e eu troquei a diretoria toda e coloquei uma diretoria da minha confiança.
Foi isso o que eu fiz.” Ela voltou a afirmar que a empresa “virou a página” e “está no caminho certo”. “Pode ter certeza: [a Petrobras] será uma das empresas mais lucrativas do mundo nessa área.” POLÍTICA Na conversa, Dilma fez afagos ao vice-presidente Michel Temer, articulador político do Planalto, e minimizou protestos contra sua gestão. “Eu acho o Temer um grande parlamentar, com muita experiência. É extremamente hábil”, disse sobre o peemedebista.
Sobre manifestações contrárias ao seu governo, disse que “diante de radicais, o melhor remédio é a democracia”. “O Brasil não pode achar estranho as manifestações.
Elas têm de ser vistas como algo normal.
Sempre defenderei o direito e liberdade de expressão de quem quer que seja.” Mais tarde, ela ponderou, no entanto, que a sociedade brasileira muitas vezes é excessivamente crítica. “No Brasil tem uma coisa que não vejo em outros países: eu acho que nós somos mais críticos conosco do que nós merecemos”.
Esta foi a segunda entrevista de Dilma a Jô Soares.
Em 2008, ela participou do “Programa do Jô” ainda na condição de ministra da Casa Civil.
A gravação durou cerca de 70 minutos. “NINGUÉM É DE FERRO” O apresentador questionou a presidente se, diante das críticas recorrentes na imprensa, ela ainda lê jornal. “Eu leio.
Presidente tem de conviver com isso, todo dia.
Tem hora…eles exageram um pouco, pegam pesado. É da atividade pública. () Eu não levo no pessoal.
Agora, se quer saber se fico triste?
Fico sim.
Algumas horas, bastante triste.
Porque é aquele negócio: ninguém é de ferro”, resumiu Dilma.
Em seguida, ponderou ter “imensa capacidade de resistir”. “Aprendi ao longo da vida.
Me prenderam, me botaram na cadeia, aprendi a resistir.
Tem que ter tranquilidade para aguentar sabendo que uma hora, passa”.