Complexo Industrial Químico-Têxtil PQS.

Foto: Hélia Scheppa/Acervo JC Imagem.

Amargando prejuízos bilionários, a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) teve adesão de 81 funcionários ao Plano de Desligamento Voluntário, que prevê a redução de um terço dos profissionais.

A expectativa da empresa era de que 187 pessoas, das 400 contratadas, se inscrevessem no plano.

As homologações dos atos de rescisão devem ser finalizadas até dia 10 deste mês.

Diante da baixa adesão, o sentimento dos funcionários da empresa é um misto de medo e revolta.

Os servidores temem novas demissões, mas, desta vez, sem as ofertas apresentadas no plano de desligamentos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem de Ipojuca e Região, Rodrigo Rafael dos Santos, relata situações de assédio moral e pressão para obter mais adesões à iniciativa.

LEIA MAIS: » Em Suape, dois terços dos funcionários da Citepe devem ser demitidos por causa de crise na Petrobras » Funcionários da Citepe se reúnem com diretoria para acertar plano de demissão voluntária “Faltando dois dias para o encerramento do prazo [dia 7 de maio], a empresa pressionava os funcionários.

Alguns gestores aderiram ao programa para ‘dar o exemplo’ aos subordinados”, relatou o representante da categoria.

Quem não aderiu, teme ser demitido para que a empresa cumpra a meta.

Segundo Rodrigo, o objetivo é reduzir o setor de produção e manutenção para 90 funcionários.

Atualmente, são 287 na área.

Sob nova direção, a empresa também vai reduzir o uso das máquinas, passando de 32 para 10 no setor de produção. “Todo este processo é muito desgastante.

São pessoas concursadas que saíram de empresas estabilizadas com o sonho de trabalhar na Petrobras e agora se veem sem rumo.

Muitos reclamam de problemas psicológicos”, conta Santos.

Na tentativa de buscar respostas, o sindicato enviou um ofício à direção da empresa solicitando uma audiência para discutir a conjuntura do empreendimento.

O balanço financeiro publicado pela empresa apontou prejuízo de R$ 2,66 bilhões (1.132% maior do que o registrado em 2013) em 2014.

A queda veio no rastro dos escândalos de corrupção na Petrobras.

A Citepe contabilizou uma baixa de R$ 56,9 milhões devido à investigação.

A companhia, que compõe o Complexo Industrial Químico-Têxtil PQS, no Complexo Portuário de Suape, inclui as plantas que produzirão filamentos de poliéster, como as de POY, FDY, Chip Têxtil e DTY e a de texturização de fios.

A montagem de uma parte delas foi interrompida em 2012 e a conclusão deve ocorrer em 2018.