Por Rodrigo Novaes, especial para o Blog de Jamildo Sabe por que tanta dúvida sobre o sistema eleitoral adequado para o Brasil, e por que não se consegue aprovar nenhuma mudança em relação a esse ponto?

Porque o problema de nossas eleições, definitivamente, não está aí.

Por via oblíqua, a alteração para o sistema distritão (verdade eleitoral), voto em lista fechada, ou os mistos, sanaria algumas impropriedades, mas não corrigiria o que, ao meu ver, de essencial compromete o sistema eleitoral atual.

Busca-se, ou deve-se buscar duas vertentes: 1) baratear as eleições, diminuir a interferência do poder econômico e diminuir (acabar) a corrupção; 2) dar maior legitimidade aos representantes a partir da escolha da população.

Com exceção da cláusula de desempenho (somente tem prerrogativas de tempo de TV, fundo partidário, partidos que atingirem determinado percentual de representação no congresso nacional), o fortalecimento dos partidos está somente por via indireta tocada pela reforma política que se sugere.

Na origem de toda essa discussão temos um povo e sua cultura.

Essencial compreendermos a construção histórica de nossa democracia e suas fragilidades, para entendermos as dificuldades de hoje.

Ao longo do tempo o pluripartidarismo defendido constitucionalmente, passou por inegável enfraquecimento - por culpa dos próprios partidos que se distanciaram dos cidadãos, e menos por conta da legislação - o que acarretou na descaracterização de seus conteúdos programáticos, levando o cidadão a escolher seus candidatos por seu perfil e suas bandeiras, e não mais em razão do partido ao qual pertence.

Fato é que a mudança do sistema eleitoral ou da forma de financiamento das campanhas, não vai acabar com algo muito simples de se entender: a influência do poder econômico, a compra do voto!

Não evita o financiamento não oficializado, o chamado caixa dois.

Só quem pode melhorar a qualidade da representação política é um povo educado, instruído, consciente; isso, e mais uma população que acompanha a atuação de seus representantes, são capazes de fazer a reforma ideal.

O mais?

Nada que mereça muito entusiasmo.

Cabe ao congresso nacional colaborar avançando em alguns pontos - antes que o Supremo o faça - que deturpam a democracia representativa, como a suplência de senador, a eleição de candidatos com votações ínfimas, a cláusula de desempenho - desestimulando a criação de partidos de aluguel, coincidência de mandatos, fim de reeleição.