Foto: BlogImagem Por Carolina Albuquerque, do JC Online.
A Arena Pernambuco não é o único “legado mobiliário” da Copa do Mundo que está funcionando aquém do que foi estimado.
Não há sequer uma linha que circule diariamente pelo Terminal Integrado de Passageiros Cosme e Damião, ainda que ele tenha sido inaugurado há quase um ano, inclusive com a visita da presidente Dilma Rousseff (PT).
O uso só acontece de forma excepcional, quando há jogos na Arena.
Nos demais dias, o cenário é desértico e o estado beira o abandono.
A falta de utilidade do equipamento contrasta com o alto investimento na obra, que demandou, até agora, um total de R$ 17,5 milhões em recursos públicos.
O evidente prejuízo à sociedade em razão da perda da função social do TI terminou por acender o sinal amarelo do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que emitiu um Alerta de Responsabilização à Secretaria das Cidades.
No documento, enviado pela conselheira Teresa Duere no dia 27 de abril, o ente público é alertado dos riscos “advindos da omissão em diligenciar as providências que se façam necessárias para prover o equipamento de uma função social que justifique os recursos públicos investidos”.
A conselheira ainda faz uma ressalva de que, caso o governo estadual não reaja à situação, cabe a devolução integral desses recursos no âmbito da Auditoria Especial de número 1303980-5, instalada pelo TCE para apurar o caso.
O alerta estabeleceu um prazo de 90 dias para que seja apresentado à Corte de Contas um plano de uso e ocupação do TI.
A situação tem deixado inconformados os moradores do Loteamento Santo Cosme e Damião e outras comunidades vizinhas, como a UR-07 e loteamentos São Paulo, Santo Antônio e Viana. “Exceto quando tem jogos, não tem utilidade nenhuma.
E as pessoas daqui já tem dificuldade de acessar o transporte público, com poucas opções.
A falta de propósito desse TI é tanta que a população às vezes usa o estacionamento para caminhadas ou até atividades recreativas da comunidade”, denunciou o comerciário Romildo Junior, 36 anos.
Ontem, no sol a pino das 13h, o estudante Lucas Henrique, 13 anos, aguardava o ônibus na parada instalada do lado de fora do TI. “É, poderia estar lá dentro.
Seria mais confortável”, confessou.
Já a dona de casa Glace Kelly, de 25 anos, reclamou que o equipamento sem uso ou manutenção tem causado transtornos. “Quando chove, alaga tudo.
E quando funciona em dia de jogo, é uma confusão”, comentou.
Quando inaugurado, dia 14 de junho de 2014, o governo estadual divulgou que o TI Cosme e Damião iria atender até 20 mil passageiros por mês.
Duas linhas circulariam ali dentro, a TI Cosme e Damião – Circular, com 60 viagens diariamente, e a TI Cosme e Damião/TI Caxangá – IV Perimetral, com 116 viagens.
Nada virou realidade, no pós-Copa.
O Alerta do TCE ainda chama atenção para as mudanças empreendidas no projeto original licitado do Ramal da Copa (complexo viário de acesso à Cidade da Copa), o que, segundo o órgão, influenciou na atual situação do TI.
Antes, estava prevista a circulação de linhas do tipo BRT. “As mudanças acarretaram na sua ociosidade em grande parte do tempo, ficando o mesmo com sua função social comprometida”, denunciou o TCE.
Procurada, a Secretaria das Cidades se limitou a confirmar que recebeu o documento do TCE. “A secretaria está analisando o documento e dentro do prazo determinado se manifestará a respeito”, concluiu.