Da FolhaPress O empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, assinou nesta quarta-feira (13) um acordo de delação com a Procuradoria Geral da República em Brasília.

No trato, ele prometeu revelar o que sabe sobre pagamentos de suborno na Petrobras e outras estatais.

Ele também se comprometeu a pagar uma multa de R$ 55 milhões, a segunda mais alta entre os delatores da Operação Lava Jato (a maior foi paga por um ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, de US$ 97 milhões, o equivalente hoje a R$ 295 milhões).

Nas negociações para o acordo, Pessoa disse que deu R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no ano passado, negociados com o tesoureiro Edinho Silva, ainda de acordo com Pessoa.

A doação, segundo Pessoa, visava evitar retaliações em contratos com a Petrobras, conforme a Folha de S.Paulo revelou no último sábado (10).

Atualmente, Edinho ocupa o Ministério da Secretaria de Comunicação Social.

Tanto ele quanto o PT negam ter recebido doações ilegais na campanha do ano passado.

Pessoa também citou o ex-ministro Edison Lobão como beneficiário de propina na época em que era o titular do Ministério das Minas e Energia, no primeiro governo de Dilma Roussef (2011-2014).

O empresário contou que Lobão recebeu R$ 1 milhão para não criar empecilhos na obra da usina nuclear de Angra 3.

A UTC conquistou um dos contratos da usina nuclear, obra estimada em R$ 2,9 bilhões, em consórcio formado com a Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

Todas essas empreiteiras são investigadas pela Lava Jato sob suspeita de terem pago propina para conquistar contratos da Petrobras.

Pessoa e outros dois executivos da Camargo Corrêa que fizeram acordo de delação foram os primeiros investigados a apontar que essa prática de suborno também ocorria em outras empresas públicas.

Pessoa ficou preso de 14 de novembro a 28 de abril, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu que ele deveria sair da custódia da Polícia Federal em Curitiba e cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

Procurado, o advogado de Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, não havia sido localizado até as 16h30.