Por Jamildo Melo, editor do Blog Algumas pessoas, especialmente os demagogos, acreditam que governos produzem riqueza e que essa riqueza pode ser distribuída como se fosse algo elástico.

Não podem.

O dinheiro que os governos aplicam em obras ou serviços virá sempre dos impostos que são extraídos das sociedade, do trabalho suado de todos, ricos ou pobres.

A menos que você seja professor de uma universidade federal e nada lhe seja cobrado, como dar ao menor um prego em uma barra de sabão, essa ideia é incontestável, ou não?

Dado a esse entendimento, nunca tive preconceito pessoal contra empresários ou empresas, ou pessoas bem estabelecidas, que venceram na vida.

Se não fosse o volume de impostos que são obrigadas a arcar, não haveria obras sociais e todo tipo de ação estatal.

No Brasil, por uma campanha nefasta contra o empreendedorismo, contra o valor individual de cada um, as pessoas que geram riqueza são tratadas como párias - recentemente, alguns dos verdadeiros ladrões, que apontavam o dedo contra uma tal elite branca, está tendo que se confrontar com o xilindró, na Papuda.

O tratamento dos supostos críticos do projeto urbanístico do Novo Recife é um exemplo bem acabado.

Tornou-se comum dizer que é um projeto excludente e que vai beneficiar apenas pessoas ricas.

Balela.

Mentira deslavada, mas se for repetida à exaustão haverá sempre beócios a acreditar e repetir.

De partida, as compensações exigidas dos empresários do Consórcio somam investimento de R$ 60 milhões em obras no entorno, beneficiando e valorizando milhares de pessoas, inclusive no Coque e em São José.

Vai beneficiar ainda o turismo, com o embelezamento do Forte das Cinco Pontas e de uma nova praça, a ser criada com o prolongamento da avenida Dantas Barreto até a beira do Cais.

Entre outras melhorias.

Mas não era sobre isto que eu gostaria de chamar atenção.

As projeções apresentadas pelo consórcio Novo Recife falam em um investimento total de cerca de R$ 1,5 bilhão.

Isto em um momento em que o governo federal aperta as contas, não repassa nem pensamento bom para o Recife e o Estado, onde foi bem votada.

Por ano, assim, serão cerca de R$ 7 milhões em IPTU a serem pagos pelos novos moradores.

De impostos de transmissão de propriedade, que se paga uma única vez, na compra do imóvel, serão cerca de R$ 40 milhões.

São esses recursos, não a ideologia barata contra o empreendimento urbanístico, que podem por exemplo financiar habitações populares na capital.

Por que esses bravos militantes dos Direitos Urbanos não estão ‘batendo lata’ na porta do prefeito para cobrar casas para os pobres?

Por que estes valentes não estão bradando, nas ruas e nas redes sociais contra Dilma, aquela do coração valente, pelo avanço do Minha Casa Minha Vida no Recife.

O Estado tem contratados 10 mil casas populares no programa.

Quanto foi repassado?

Quanto saiu do papel?

Deve ser culpa de Joaquim Levy, pois os petistas são sabem de nada e não tem culpa de nada, nunca.

Existem três faixas no programa.

A primeira delas, para pessoas com renda familiar até R$ 1.600, é o segmento em que atuam as prefeituras e os estados.

Será que fazer bagunça nas cidades tentando jogar ricos contra pobres resolve o problema da habitação popular?

Para justificar essa tese furada, outro recurso intelectual comum, é reduzir o projeto urbanístico a 13 torres, apenas.

Já reparou?

Qual o objetivo escuso?

Esconder do debate o conjunto de ações mitigadoras e as obras públicas que tomam a maior parte do projeto como um todo.

E porque não podem derrubar as torres?

Sem elas, o projeto não se sustenta financeiramente, não se mantém viável.

Perde a cidade, mas essas pessoas não estão, definitivamente, preocupadas com isto.

A cidade, os impostos, os empregos gerados, nada disto tem valor.

O objetivo final, do PSOL e de parte do PT, derrotado nas eleições estaduais do ano passado, é que Geraldo Julio não dê certo.

Não tendo ele o que mostrar, pode haver chance de abatê-lo.

Por tudo isto, lembram o cego da propaganda da Casa Lux Ótica, que gostaria de ter uma oportunidade de usar óculos.

Para eles, as pessoas diziam que que os óculos ferem, que incomodam. “Quando a gente não quer, qualquer desculpa serve”.

Grande parte desta cretinice contra o capital tem origem na academia, aparelhada ideologicamente por grupos de esquerda.

Deveriam ser presos, estão deformando gerações de idiotas. É ilegítimo usar a cátedra para questões políticas.

Mas esperar o que de uma UFPE em que o reitor pede e recebe apoio do MST?

Abra os olhos.

Não há ingênuos nesta guerra.