Por Edilson Fernandes, candidato a reitor da UFPE A UFPE devolveu, em 2012, 2013 e 2014, durante o reitorado do professor Anísio Brasileiro, mais de R$ 260 milhões ao governo federal, sendo R$ 116 milhões para equipamentos e material permanente e obras e instalações; R$24 milhões para Auxílio Estudantil e R$ 1,5 milhão destinados a Auxílio Pesquisa.
Você deve se perguntar, como assim devolveu?
A universidade recebeu o dinheiro para utilizar, por exemplo, com obras de infraestrutura, compras de equipamentos e material permanente, auxílio financeiro a estudantes e pesquisadores, passagens e despesas com locomoção, mas só utilizou a verba parcialmente e, ao final de cada ano fiscal, teve que estornar (devolver) os recursos financeiros.
As informações estão no Portal da Transparência.
Ao longo dos três primeiros anos da (má) gestão de Anísio, a UFPE deixou de investir em obras, instalações, equipamentos e material permanente R$ 116.032.530,88.
Isso é o que compõe a nossa infraestrutura, o que precisamos no dia a dia para exercer as nossas atividades como docentes, técnico-administrativos e estudantes. É o ar condicionado que não é instalado, o prédio que não é erguido, a acessibilidade que não é realizada.
Com R$ 49.387.167,45 devolvidos pela má gestão do reitor Anísio, deixou-se de realizar obras fundamentais e fazer a recuperação predial de centros, departamentos e laboratórios historicamente demandado pela comunidade universitária.
Seria possível construir, por exemplo, tomando por base um valor unitário de 4,9 milhões de reais, dez prédios novos, para atender à demanda histórica da comunidade universitária.
Como exemplos, podemos listar: Prédio para os dois Programas de pós-Graduação do Centro de Educação – PPGE e EDUMATEC, prometido pelo atual reitor em 2011 e que nunca saiu do papel; Prédio de Genética; Prédio de Farmácia; Prédio do Museu da UFPE; Prédio do Curso de Medicina do Centro Acadêmico do Agreste; Prédio da Engenharia Biomédica; Prédio da Engenharia de Minas; Descentralização do Restaurante Universitário; Dois prédios com gabinetes, salas de orientações e pequenas reuniões para os professores, visando resolver o problema histórico de falta de condições de trabalho.
Total: 49 milhões.
Com R$ 66.645.362,73 de equipamentos e material permanente devolvidos pelo atual reitor, seria possível comprar equipamentos e material permanente para responder as necessidades de centros, departamentos, núcleos e laboratórios nos três campi da UFPE.
Isso inclui, por exemplo, a solução para o problema histórico de energia e de água da Universidade, assim como de climatização, ofertando melhores condições de trabalho para professores e técnicos e de estudo para a comunidade estudantil.
Com esses recursos também seria possível investir na infraestrutura para subestações de energia elétrica, que permitiriam a resolução do problema de queda frequente do fornecimento e proporcionaria que a UFPE comprasse energia elétrica mais barata, contribuindo para uma UFPE ambiental e financeiramente mais sustentável.
Com relação ao auxílio estudantil, a Gestão do Improviso perdeu, nos últimos três anos, R$ 24.069.882,99.
Perdeu sim.
Jogou fora porque, ao invés de investir nas necessidades dos estudantes, devolveu o dinheiro sem utilizá-lo.
Em 2013, a UFPE recebeu R$ 37.204.546,57 para investir com os estudantes.
Desse montante, usou R$ 24.868.103,77 e estornou R$ 12.336.442,80.
O que dava para fazer com esses recursos?
Muita coisa.
Como o Restaurante Universitário do Campus Recife custou R$ 4,5 milhões, era possível construir mais dois RU com a verba devolvida apenas em 2013.
O que seria possível fazer com os recursos devolvidos de auxilio estudantil no valor de 24 milhões?
Bom, seria possível resolver problemas importantes demandados pela comunidade estudantil.
Por exemplo: reduzir o valor da refeição do RU estudantil para 1 real; ampliação do auxílio creche; implantar o Programa Bolsa Cultura/Arte; ampliar o número de bolsas do Programa Bolsa Atleta; ampliar o número de bolsas de Extensão; ampliar o apoio para participação em eventos nacionais e internacionais, o que garantiria a ampliação da mobilidade acadêmica e a internacionalização da UFPE.
No entanto, é preciso definir, junto com a comunidade, as questões prioritárias e as necessidades centrais para realizar a política estudantil da UFPE.
Uma outra evidencia de incompetência administrativa é o estorno da verba direcionada para o auxílio à pesquisa.
Em três anos da gestão do atual reitor foram devolvidos R$ 1.572.770,32.
Todos sabemos do potencial que a UFPE possui para a área de pesquisa e o quanto é difícil conseguir recursos para apoiar os pesquisadores em suas demandas concretas.
Saber que verbas relativas ao auxílio a pesquisa poderia ter sido utilizada de forma adequada e equilibrada e não foi é, no mínimo, frustrante.
Com R$ 1.572.770,32 devolvidos seria possível realizar apoio a muitos pesquisadores que tiveram seus pedidos negados durante os três anos da atual gestão, além de realizar investimentos em projetos de pesquisa para muitos professores que não têm auxílio das agências de fomento.
Além de investimentos em projetos de pesquisa, na forma de auxílio ao pesquisador, deixou-se de investir em apoio à participação em eventos nacionais e internacionais e publicações de artigos.
Se dividirmos o valor devolvido de R$ 1.572.770,32 por 1.000 professores (a UFPE tem 2.404 docentes efetivos), o auxílio para cada pesquisador teria sido de R$ 1.572,77.
Como temos afirmado: tudo isso é resultado da má gestão do atual reitor, da Gestão do Improviso, da falta de planejamento, do descaso com a UFPE.
Não é possível continuar assim. É preciso mudança.
Façamos a mudança para uma gestão efetivamente democrática, participativa, inclusiva, eficiente e eficaz.
Finalmente, cabe dizer que é essa gestão do improviso, da falta de uma visão ampla e equilibrada das demandas da UFPE, que estamos combatendo. É inaceitável, como fez o atual reitor, a devolução de recursos públicos essenciais a melhoria da qualidade da nossa universidade, sobretudo no que concerne às três áreas cujos problemas são de conhecimento de todos: infraestrutura, política estudantil e pesquisa.
Por isso podemos entender porque a maioria decidiu pela mudança no primeiro turno das eleições.