Blogimagem Os jovens que acampavam na porta do prédio do prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), desde a noite de quinta-feira, no bairro da Torre, para protestar contra a aprovação de um plano urbanístico para a área do Cais José Estelita, instrumento que era cobrado pelo próprio grupo no meio das negociações com a PCR, começaram a desmontar as barracas, por volta das 10h30 deste sábado (9), depois de receberem o comunicado dos oficiais de Justiça determinando a desocupação.
A sentença foi assinada pelo juiz Djalma Andrelino Nogueira Júnior.
O documento do Tribunal de Justiça de Pernambuco foi entregue pelo oficial de Justiça Leonardo Figueiredo.
O oficial deu o prazo para saída até ao meio-dia, mas antes disto o acampamento começou a ser desmontado.
O jovem Ernesto de Carvalho, que se apresentou em nome do movimento para falar com a imprensa nesta manhã, lamentou que o prefeito não tivesse aparecido para conversar com eles. “A nossa missão aqui [diante da casa do prefeito] está cumprida”, disse.
Após o cumprimento da determinação judicial, o grupo de jovens saiu em caminhada agora há pouco.
A sindica do prédio, Hildete Tenório, disse que agora estava mais aliviada e que começaria a levntar os prejuízos causados pela ação dos jovens, acusados de quebrar uma cãmara de vigilância, além de pintar os muros do condomínio.
Apenas um pequeno incidente ocorreu durante a reintegração de posse da área do prédio.
Dois jovens se desentenderam e começaram a brigar.
Um deles foi levado para a central de flagrantes da polícia.
Em uma das versões, um popular passou e provocou um dos manifestantes, ocasionando a discussão.
Noutra versão, dois militantes, um mais radical, teriam se desentendido.
A rua da casa do prefeito Geraldo Júlio, na Torre, foi fechada.
Cinco viaturas da PM deram proteção aos agentes da Justiça.
A Justiça do Estado atendeu a um pedido da Prefeitura da Cidade do Recife e determinou, na noite desta sexta-feira, que os manifestantes deixassem a porta da casa do prefeito.
A pedido do prefeito, a decisão judicial não foi cumprida na noite de sexta-feira, de modo que pudesse ocorrer à luz do dia, com a presença da Ordem dos Advogados do Brasil, MPPE e a imprensa.
A PCR também apelou que os manifestantes deixem o local de forma pacífica.
O secretário de Assuntos Jurídicos da PCR, Ricardo Correia, afirmou nesta manhã que os manifestantes estavam prejudicando o direito de ir e vir das pessoas no local. “O que ocorreu foi uma ocupação indevida dos espaços público e seu entorno, ferindo a Constituição Federal.
Também estão prejudicando o direito de ir e vir das pessoas”, afirmou o secretário, que assinou o pedido de desocupação ao judiciário. “Temos o dever constitucional de manter a paz social, contra qualquer ocupação que perturbe esta ordem”, acrescentou. “O município do Recife está impedido de exercer seu poder de polícia e restabelecer a ordem social que se faz mister”, escreveu, ao falar da fiscalização e autorização para uso de logradouros e calçadas.
O objetivo declarado da ação do grupo era forçar a revogação da lei sancionada pelo prefeito, prevendo o plano urbanístico, na segunda-feira da semana passada.
Nessa sexta, o condomínio do Edifício Laura Caúla, na Torre, onde mora o prefeito do Recife e que teve o jardim externo ocupado pelo movimento Ocupe Estelita desde quinta-feira à noite, já havia pedido aos integrantes do grupo a desocupação da área.
Hildete Tenório, síndica do prédio, conversou com representantes do movimento ontem à tarde e entregou o documento elaborado pelos condôminos.
Os moradores também prestaram queixa na Delegacia do Cordeiro contra a depredação do patrimônio.
De acordo com a síndica, integrantes do Ocupe Estelita picharam o muro, quebraram câmera e refletor, além de destruir a grama. “Tudo o que foi destruído é recuperável.
Porém, eles estão acampados numa propriedade privada, esse jardim é nosso”, afirma Hildete Tenório. “O senhor Geraldo Julio é prefeito, mas aqui ele é apenas um dos condôminos do prédio.
O lugar da manifestação é a sede da prefeitura”, declarou.
O grupo protesta contra a aprovação do Plano Urbanístico Específico para o Cais José Estelita, Cais de Santa Rita e Cabanga, na área central da cidade, que permite a implantação do projeto Novo Recife no Cais José Estelita.
O projeto foi aprovado por maioria na Câmara Municipal do Recife na segunda passada e sancionada no mesmo dia pelo prefeito Geraldo Julio.
A síndica explicou que, no Edifício Laura Caúla, há 74 apartamentos onde vivem crianças, jovens com problemas de saúde e idosos. “O barulho está incomodando a todos.
Uma clínica de fisioterapia instalada na rua ficou no prejuízo porque os pacientes não conseguiram chegar ao local.” Além dos condôminos, o proprietário de uma casa na mesma via (Neto Campelo), que teve o muro pichado e as câmeras de segurança danificadas, prestou queixa. “Esse cidadão entregou imagens que provam o ato de vandalismo, gravadas às 6h de hoje (ontem).
A filmagem mostra pessoas com o rosto coberto por camiseta”, disse o delegado do Cordeiro, João Gustavo Godoy. “Vamos apurar, depredação do patrimônio é crime e quem fez, se for identificado, vai responder inquérito policial”, informa o delegado.
Pelo menos 22 imóveis, duas parada de ônibus, três postes e duas placas de propaganda amanheceram pichadas no trajeto percorrido pelo Ocupe Estelita anteontem, na Avenida Agamenon Magalhães e nas Ruas Joaquim Nabuco, José Osório, Visconde de Albuquerque, Conde de Irajá e Neto Campelo. “A reivindicação deles é válida.
Porém, a pichação só nos trouxe prejuízo.
Somos uma instituição filantrópica, tratamos de crianças carentes da vizinhança (Madalena) e teremos de usar dinheiro que seria investido em outras ações para pintar o muro”, lamenta o gestor da Fundação Cecosne, Belarmino Barros.
Ao JC, Ernesto de Carvalho, integrante do Movimento Ocupe Estelita, disse que o grupo não estava bloqueando a circulação na rua. “Reunimos milhares de pessoas para protestar contra um prefeito autoritário e o projeto de um condomínio de luxo que não é bom para a cidade”, afirmou o rapaz.
O projeto está em discussão há seis anos, quatro na gestão do PT com João da Costa e dois no de Geraldo Julio.
O PT aprovou o projeto com João da Costa, em seu último dia de gestão.