O líder do Democratas na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), alertou para os riscos que correm os 4.000 funcionários ativos e aposentados que contribuem com o Postalis, fundo de pensão dos Correios, em Pernambuco.

Apesar de terem contribuído para o fundo ao longo das últimas décadas, eles não têm garantias de que receberão uma aposentadoria complementar para o resto da vida ou de que poderão resgatar o valor investido quando se aposentarem.

E ainda estão sujeitos ao pagamento de taxas adicionais para cobrir os rombos da má-gestão.

O temor do líder Mendonça Filho é que os recursos do Postalis “evaporem” em função das aplicações irresponsáveis realizadas pelos gestores do fundo. “São investimentos temerários e, em muitos casos, fraudulentos, para um fundo de pensão”, afirma o deputado, lembrando que, no caso do Postalis, foram feitas aplicações na Venezuela, na Argentina, e em bancos que foram liquidados.

Mendonça Filho é um dos autores do requerimento para criação, na Câmara dos Deputados, de uma CPI dos Fundos de Pensão.

O fundo de pensão de funcionários e pensionistas dos Correios, um dos maiores do país, tem um rombo R$ 5,6 bilhões.

Agora, funcionários da estatal tentam evitar na Justiça que os participantes do Postalis tenham seus salários reduzidos pelo período de 15 anos para tapar o buraco causado pela má administração dos controladores.

Na quinta-feira (23), a justiça, em decisão cautelar, suspendeu a cobrança.

Os participantes do Postalis já fazem contribuições extras desde 2013 para cobrir um rombo de R$ 1 bilhão de anos anteriores.

Um desses prejudicados é Clóvis Santana, de Recife.

Funcionário dos Correios durante 40 anos, Clóvis se disse indignado com a situação. “A gente contribui uma vida inteira e agora, quando mais precisa, vai ficar na mão”, desabafa.

Ele diz também que têm amigos em situação semelhante. “Tem gente que vai precisar tirar filho de faculdade, que vai ficar endividado em cartão de crédito”, conta.

Clóvis disse ainda que é inconcebível que os contribuintes do fundo sejam penalizados pela má gestão dos diretores. “Não é justo isso!”, protesta. “Essa conta não é nossa!”, reclama.

A aposentadoria um pouco mais tranquila também se transformou num sonho distante para Marcos Valério de Medeiros, funcionário dos Correios desde 1989.

Contribuinte para o Postalis desde então, ele disse que não sabe se terá sua renda extra assegurada daqui a oito anos, quando pretende se aposentar. “O dinheiro do fundo está sendo investido de forma equivocada”, afirma.