Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Por Mendonça Filho, líder do DEM na Câmara dos Deputados No período que antecedeu o Dia do Diplomata – comemorado na segunda-feira, 20 de abril – o governo brasileiro voltou a praticar a diplomacia do silêncio, que, aliada à paralisia do Brasil no exterior, tem sido tão danosa ao país.

O silêncio diz muito.

No caso brasileiro, revela que o país está de costas para o mundo. É omisso no que diz respeito às liberdades e é ausente quando o assunto é comércio internacional.

O Brasil, não por culpa de seu corpo diplomático altamente qualificado, mas por uma visão esquerdista, está cada vez mais isolado, perdendo a credibilidade internacional conquistada pelo país com muito esforço no passado.

Um desses constrangimentos aconteceu há pouco mais de uma semana, durante a VII Cúpula das Américas, no Panamá.

Foi lá que a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), responsável por monitorar as violações de liberdade de imprensa no continente, cobrou da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), da Organização dos Estados Americanos (OEA) e do Mercosul uma posição contrária ao cerco imposto pela Bolívia à imprensa local.

Entendo que o Brasil, como líder regional, deveria ter se posicionado contra os reiterados ataques à mídia bolivariana, mas fez o contrário: insistiu na diplomacia do silêncio.

Assim como não deveria manter no limbo o embaixador Eduardo Saboia, que, numa atitude corajosa, trouxe para o Brasil o senador boliviano Roger Pinto Molina, perseguido em seu país pelas críticas ao andamento do governo de Evo Morales.

Os constrangimentos não cessaram com o silêncio do Brasil no Panamá.

Lá mesmo, enquanto o mundo comemorava mais um passo da política de aproximação entre Cuba e Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff criticou o presidente americano, Barack Obama, por suas sanções ao governo venezuelano.

Seria sensato que o governo brasileiro visse os Estados Unidos não como um vilão imperialista, outro clichê da esquerda, mas como um parceiro comercial e político que merece mais atenção.

Sobretudo porque estamos amarrados em acordos regionais, como o Mercosul, que não desenvolveram seu potencial justamente por conta de visões estreitas e arcaicas de nossa política externa. É evidente que as amarras impostas – e aceitas! – ao Brasil pelo Mercosul têm nos prejudicado.

Nos últimos 20 anos, enquanto o mundo viveu uma explosão de acordos bilaterais, o Brasil ficou paralisado.

Em 2013, quando Estados Unidos e União Europeia deram início às tratativas para formar a maior zona de livre-comércio do planeta, o Brasil contava com apenas três acordos de livre-comércio.

Desde 1991, quando o país ingressou no Mercosul, foram fechados acordos com Israel, Palestina e Egito. É pouco para quem é grande e tem um setor produtivo dinâmico.

E a conta do isolamento começa a aparecer.

Não sou eu, líder do Democratas na Câmara, que constata isso.

Foi a Organização Mundial do Comércio (OMC), que apontou que o Brasil sofreu em 2014 a maior queda nas exportações entre as 30 principais economias do mundo, caiu no ranking dos maiores vendedores do mundo e perdeu participação no comércio internacional.

Ao final de 2014, o País era apenas o 25º maior exportador.

Em 2013, o Brasil era o 22º maior exportador do mundo, com 1,3% da fatia do comércio internacional e vendas de US$ 242 bilhões.

Hoje, representa 1,2%.

Entre as 30 maiores economias do mundo, o Brasil apresenta a maior retração nas exportações, com queda de 7% nos valores, enquanto a média mundial foi uma pequena expansão de 1%. 2014 foi o terceiro ano sem crescimento nas vendas do país para o exterior e as exportações somaram apenas US$ 225 bilhões.

O silêncio diz muito, mas os números dizem mais.