Por Fernando Castilho, do JC Negócios João Café Filho agitava a política do Rio Grande do Norte quando foi, literalmente, ameaçado de morte pelos chefes políticos potiguares indo homiziar-se no agreste de Pernambuco.
Fixou residência em Garanhuns onde começou a escrever artigos sobre a política regional no jornal O Monitor fazendo bastante sucesso.
A crise passou e Café Filho foi para o Rio de Janeiro aonde as circunstâncias da vida o levaram a assumir nada menos que o cargo de presidente da República.
Com a morte de Getúlio Vargas, Café Filho assumiu um curto e agitado governo.
Ficou por pouco mais de 14 meses.
Mas no dia de sua posse em 24 de agosto de 1954, o jornal O Monitor não abriu mão de prestar-lhe uma justa homenagem e publicou uma edição especial com uma importante: Nota da Redação “Por motivo de ter assumido a Presidência da República deixa de fazer, temporariamente, parte dos quadros de redatores do jornal O Monitor, o companheiro João Café Filho, a quem desejamos sucesso em seu novo cargo”.
A história serve para mostrar que certas comunicações, dependendo das circunstâncias, tornam-se despropositadas e acabam invalidando o objeto da comunicação.
Isso se aplica a nota do Partido dos Trabalhadores ontem à tarde depois que o companheiro João Vaccari Neto foi devidamente conduzido à prisão por agente da Polícia Federal.
Na verdade, a nota do PT assemelha-se a do jornal O Monitor quando diz: informamos ainda que, por questões de ordem práticas e legais, João Vaccari Neto solicitou seu afastamento da Secretaria de Finanças e Planejamento do PT.
E que o Partido dos Trabalhadores expressa sua solidariedade a João Vaccari Neto e sua família, confiando que a verdade prevalecerá no final. É o obvio.
Já pensou escrever que por motivos de ter sido preso, por decisão da Justiça, o companheiro ficou impossibilidade de continuar a conduzir as finanças desta agremiação?
O texto só revela como a lógica do PT se revela desconectada da realidade.
O normal é que uma vez denunciado, o tesoureiro se afastasse voluntariamente (e ao menos dissesse isso numa comunicação ao público) para cuidar exclusivamente de sua defesa.
Mas o PT preferiu a resistência e pagar para ver.
Talvez na esperança de que a Justiça Federal não tivesse motivos para mandar prender o principal arrecadador do partido.
Mas quem disse que o PT pensa assim?
Nos comerciais na TV, por exemplo, o partido jacta-se de ter sido o governo que mais mandou gente para a cadeia. É verdade.
A começar pelos companheiros que ocupam cargos importantes.
Ou como alguns dizem.
O PT resiste a fugir da maldição que o cargo de Tesoureiro ganhou na agremiação.