Secretário Alessandro Carvalho detalha Pacto pela Vida.

Foto: divulgação.

Na tentativa de rediscutir o Pacto pela Vida, os deputados da oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) organizaram um debate nesta quinta-feira (16).

Durante o encontro, que contou com a presença do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, foram feitas diversas críticas ao projeto.

Porém, poucas soluções foram apontadas.

Dados divulgados pelos parlamentares apontam que, desde março do ano passado, o Estado não tem cumprido as metas do Pacto e isso tem resultado no aumento permanente nos números de homicídios.

Até o último dia 12 de abril, foram 1.124 mortes, de acordo com levantamento apresentado pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol).

Nos três primeiros meses de 2015, o aumento é de 18%, quase 200 assassinatos a mais do que o mesmo período do ano passado.

Realizado a pedido da Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa, o debate reuniu além do secretário estadual e parlamentares, entidades ligadas ao setor e especialistas.

Para o líder da bancada da oposição, deputado Silvio Costa Filho, é preciso que se crie uma segunda etapa do Pacto pela Vida.

Silvio aponta para a necessidade de “ações concretas que vão desde a contratação de novos agentes da segurança pública, a valorização destes profissionais, a ampliação das parcerias com os municípios e a fiscalização das fronteiras estaduais”. “A nossa preocupação é que se a violência continuar nesta proporção, este programa pode voltar à estaca zero”, constatou.

Silvio acredita que o atual Governo do Estado não tem demonstrado capacidade para liderar um programa desta dimensão. “Não é apenas um secretário que vai resolver os problemas da violência.

Isto precisa ser feito a partir de uma parceria muito maior.

O governador precisa tratar isto como prioridade, como fez Eduardo Campos”, comparou.

Mesmo integrando a base do governo Paulo Câmara, o deputado Joel da Harpa (PROS) fez duras críticas ao tratamento dado pela política de segurança pública estadual aos policiais civis e militares. “Precisamos criar o Pacto pela Vida dos policiais de Pernambuco.

Não há uma preocupação de quantos policiais morreram nestes oito anos de programa.

Quantos morreram de enfarte, por exemplo.

A tropa da PM está cansada.

Trabalha 12 horas e tem que trabalhar mais oito horas na folga.

Eu faço parte da base do governo mas não vou tapar o sol com a peneira”, protestou.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Áureo Cisneiros, voltou a apontar as condições precárias de trabalho dos agentes, a falta de infraestrutura em delegacias e IML’s, e disse que o governador tem feito “ouvido de mercador” às reivindicações da categoria. “Não aguentamos mais esta situação.

Pior salário do país, com instalações desumanas.

Se tiver que paralisar a polícia civil agora em maio, vamos paralisar.

Não dá mais para trabalhar assim.

Estamos avisando de antemão”.

Após uma apresentação que reuniu números positivos do Pacto pela Vida, o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, afirmou que o programa é objeto permanente de avaliação por parte do Governo.

Estudiosa do tema, a socióloga Ana Paula Portela afirmou que o secretário deixou de esclarecer porque o Pacto não vem dando certo.

Para ela, ainda faltam medidas essenciais, como a prevenção social do crime, a falta de informações sobre projetos em andamento e falhas no processo de formação de policiais.