Marcela Luna e Cássio Oliveira Na manhã desta quarta feira (8), a vereadora Isabela de Roldão (PDT) convocou uma reunião para tratar do futuro do Museu da Abolição, patrimônio histórico de Pernambuco, e as obras do túnel da abolição, localizado na avenida Caxangá, no Recife.

O tema da audiência pública realizada na Câmara de Vereadores do Recife abordou o atraso na entrega do túnel e as complicações decorrentes que estão limitando o acesso ao Museu.

O Museu da Abolição foi criado em 1957 e inaugurado oficialmente em 1983.

O Museu é considerado Centro de referência da Cultura Afro brasileira e um dos raros museus a contemplar esta parte da história.

De acordo com a diretora do Museu da Abolição Maria Elisabete, o patrimônio histórico tem recebido cada vez menos visitantes após as obras do Túnel.

Ela lamenta o fato de que o número de escolas visitantes tem diminuído por conta da acessibilidade ao Museu. “O museu vem resistindo durante toda sua história”, disse Maria Elisabete. “É um absurdo uma obra ser iniciada sem a aprovação do IPHAN”, concluiu Maria a respeito das obras do túnel interferirem no Museu.

O debate recebeu o secretário executivo de mobilidade da cidade do Recife Marcelo Bruno, o diretor da CTTU Agostinho Maia, o diretor do IPHAN Frederico Faria Neves e a diretora do museu Maria Elisabete.

A vereadora Isabela de Roldão enfatizou a importância do museu para a disseminação da cultura pernambucana e contestou o argumento do secretário executivo sobre a falta de prazo para conclusão das obras. “O museu é algo essencial para a cidade, e ele precisa de cuidado e precisa do seu acesso respeitado.

Nosso foco é tratar o que é prioridade.

Infelizmente a gente ouviu nas palavras do secretario que toda obra do túnel foi feita e o acesso ao museu não foi considerado.

As calçadas estão desniveladas e a iluminação pública foi retirada e não foi recolocada.

Vamos cobrar porque pelo que o secretario explicou, vai ser feito um novo projeto, aberto uma nova licitação pra incluir o que deveria ser feito em primeiro lugar, que é o acesso ao museu, que é o acesso das pessoas”, disse a parlamentar.

Já o secretário executivo de cidades Marcelo Bruno defendeu que houve um grande esforço por parte secretaria de cidades para a realização das obras do BRT. “As obras andaram num ritmo diferente das expectativas que foram encaminhadas.

Tanto pelo IPHAN, quanto pela secretaria de obras”, disse Marcelo.

O secretario está há dois meses na secretaria e observa aspectos positivos e negativos neste caso.

Marcelo disse ainda que não há prazos para conclusão da obra. “Sofremos com falta de segurança, pois a lateral está sem iluminação e não temos acesso para caminhões que deveriam chegar com obras de arte.

Além disso, as calçadas estão desniveladas dificultando o acesso de deficientes visuais, cadeirantes e idosos, todos esses fatos contribuem para a diminuição do público, com isso a função social do museu vai se perdendo, já que a quantidade de pessoas que vão ao local diminuiu”, explicou Elisabete.

O projeto polêmico esbarrou em alguns impasses e chegou a ser embargado no início das obras, sob a alegação de que a construção resultaria na demolição de casarios históricos, dentre outras irregularidades.

Mas a obra conquistou a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pôde ser retomada.

A construção começou em 2013, mas antes disso a Secretaria das Cidades de Pernambuco assumiu alguns compromissos para não impactar na rotina de visitação do Museu da Abolição.

No entanto, a diretora do museu, Elisabete Arruda, afirma que nenhuma das promessas foram cumpridas. “Infelizmente toda obra foi feita e o acesso ao túnel não foi considerado, não podemos fechar os olhos para isso e pensar só no túnel.

Temos de pensar também nas pessoas que utilizam o museu e melhorar o acesso ao pedestre.

Agora vamos pedir um prazo a Secretaria das Cidades para a contratação de um projeto em conjunto com o IPHAN para que seja feita a abertura da licitação, pois precisamos de prazos”, ressaltou a vereadora Isabella de Roldão.

Segundo o secretário executivo de Mobilidade da Secretaria das Cidades, Marcelo Bruno, “Ainda devemos esperar que a diretoria do Museu da Abolição nos envie o projeto, caso não seja enviado, a própria secretaria deverá elaborar o projeto, por isso ainda não temos um prazo definido, agora iremos aguardar o posicionamento da diretoria do museu”, disse.

No dia 13 de março, após uma vistoria na intervenção, o secretário-executivo de Mobilidade, Marcelo Bruno, informou que a comissão técnica da Secretaria das Cidades ainda fará testes preventivos complementares antes da inauguração.

Entre os motivos para o adiamento estão os ajustes nos serviços de sinalização e ajustes de circulação no túnel.