Foto: Antônio Cruz/ABR Da FolhaPress Diante da recusa do ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) em assumir a pasta que cuida da articulação política do governo, a presidente Dilma Rousseff decidiu transferir as funções para o vice-presidente Michel Temer (PMDB).
A novidade, acertada de última hora, foi a solução encontrada para, nas palavras de assessores, acabar com a “confusão” criada pela própria presidente ao fazer um convite pessoalmente a Eliseu Padilha sem ter certeza de que ele aceitaria.
Elogiada publicamente pelos peemedebistas, a escolha de Temer foi questionada reservadamente por colegas de partido.
A avaliação é que o vice, hoje, não tem mais poder sobre o partido e terá dificuldades na nova missão.
Durante o primeiro mandato e no início deste segundo, o vice foi mantido à distância das principais decisões políticas do governo.
Padilha havia sido convidado na segunda (6) para substituir o ministro petista Pepe Vargas (Relações Institucionais), mas recusou alegando motivos pessoais.
Na verdade, ele enfrentou resistências à sua nomeação por parte dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os dois preferiam não ter um peemedebista no comando da articulação política para seguirem atuando com liberdade e autonomia em relação ao governo Dilma.
Renan e Cunha têm criado dificuldades para a presidente desde o início do ano Legislativo.
O primeiro devolveu a medida provisória que desidratava a desoneração da folha de pagamento.
Cunha, além de impor diversas derrotas ao governo, derrubou o ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), em sessão tumultuada na Câmara.
O anúncio da decisão de transferir para Temer a articulação política foi feito pela petista aos líderes governistas da Câmara e Senado durante reunião no Planalto.
Segundo assessores presidenciais e peemedebistas, a medida foi acertada, mas tomada no “timing” errado.
Na avaliação deles, Dilma deveria ter feito a troca logo após a eleição dos presidentes do Senado e da Câmara.
Agora, Temer terá de apaziguar os ânimos na sua sigla e garantir o ajuste fiscal.
Um peemedebista disse à reportagem que a pacificação passa pela nomeação de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para um ministério sem afetar o espaço de Renan no governo.
Ou seja, se Dilma nomear Alves para o Turismo, ela terá de encontrar um outro posto para um afilhado de Renan, já que ele perderia a área comandada hoje por um indicado seu, Vinicius Lages.
O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) disse nesta terça (7) à noite que o governo vai extinguir a Secretaria de Relações Institucionais e sua estrutura será transferida para a vice-presidência.
Com isso o governo passa a ter 38 ministérios.
Mercadante afirmou ainda que Pepe Vargas está pronto para assumir outro cargo no governo, numa forma de tentar recompensá-lo.
Vargas passou pelo constrangimento de tomar conhecimento do convite de Dilma a Padilha pela imprensa.
Irritado, tentou falar com a presidente desde segunda, sem sucesso, e decidiu pedir demissão do cargo.
Depois de muita insistência, ele foi recebido pela presidente no final da manhã.