Uma audiência pública, proposta pela vereadora de oposição Isabella de Roldão (PDT), nessa próxima quarta-feira, 08 de Abril, a partir das 09h, no Plenarinho da Casa José Mariano, vai discutir a construção do Túnel da Abolição e os impactos sobre o “Museu da Abolição”. “Diante dos terríveis transtornos e prejuízos no que tange à cultura e à mobilidade urbana da cidade do Recife, trazemos para discussão a demora na conclusão das obras do túnel da Abolição que foi iniciada para trazer benefícios à Cidade do Recife.

No entanto, os impactos negativos com o alongamento na conclusão do projeto são enormes.

O trânsito fica muito complicado nos horários de pico para os motoristas que seguem pela Avenida Caxangá, próximo à Rua Real da Torre.

Apenas os ônibus do Sistema BRT possuem a faixa livre para trafegar.

Os demais veículos passam beirando a obra no trecho entre as ruas Benfica e João Ivo da Silva”, ataca a vereadora.

Foram convidados para audiência pública o Secretário das Cidades de Pernambuco, André de Paula, Secretário de Mobilidade da Cidade do Recife, João Braga, Superintendente do IPHAN em Pernambuco, Frederico Faria Neves Almeida, Diretora do Museu da Abolição do Estado de Pernambuco, Maria Elisabete de Arruda Assis.

Todos confirmaram presença.

O Túnel da Abolição tem 287 metros de extensão e integra o corredor exclusivo de ônibus Leste-Oeste, que faz a ligação do Derby, bairro da área central do Recife, com o município de Camaragibe, na região metropolitana e está orçado em R$ 16 milhões e começou a ser construído em janeiro de 2012.

Após a conclusão do projeto, o fluxo de carros no trecho deve passar de 4.620 para 8.250 veículos por hora.

O atraso na conclusão das obras está afetando diretamente a mobilidade urbana, tanto para quem passa de carro, como para quem depende de ônibus ou passa a pé. “Pensaram em praticamente tudo menos na acessibilidade dos pedestres, dos cadeirantes, dos ônibus escolares que não possuem mais acesso ao local, e muito menos na importância histórica cultural que o Museu da Abolição, que está sendo também afetado possui”, diz a vereadora. “A finalização do projeto já foi estendida por três vezes e a população continua na expectativa de uma solução.

O túnel passou a ser sinônimo de engarrafamentos e transtornos.

Vem afetando a qualidade de vida dos que por ali residem, tem comércio e trafegam, pois são obrigados a transitar por vias auxiliares, de menor capacidade onde despendem 40 minutos para atravessar um trecho de pouco mais de um quilômetro entre as obras e a Rua Pandiá Calógeras”.

Outro impacto negativo, de grandes proporções, diz respeito ao Museu da Abolição - Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira, que é um museu brasileiro, localizado no Recife-PE, vinculado ao Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM e ao Ministério da Cultura, um dos raros museus no Brasil a contemplar esta parte da história, contribuindo para o resgate, valorização, e reconhecimento do patrimônio material e imaterial dos afrodescendentes, em todas as suas manifestações e o fortalecimento da identidade e cidadania do povo brasileiro.

A obra de implantação do túnel na Rua Real da torre, de acordo com a diretora do Museu da Abolição, Elisabete Assis, reduziu em 60% as visitas ao Casarão de João Alfredo, onde funciona o Museu da Abolição.

Desde o inicio dos trabalhos, o acesso ao estacionamento foi bloqueado.

Como a nova entrada não está pronta, os ônibus que levam estudantes ao museu não têm lugar para estacionar, e a inacessibilidade de caminhões baú para realizar o transporte de obras de arte, são, dentre outros, contratempos que a demora na conclusão das obras do túnel em questão vem acarretado a esse tão importante patrimônio do povo recifense e do Brasil. “É triste encontrar uma ferramenta de ensino, aprendizagem e elevação de cultura totalmente entregue e excluída por causa de um processo de modernização que é o túnel da abolição.

De fato, Recife e Pernambuco pouco se preocupam com a Educação e Cultura”.

Outro ponto a ser discutido na audiência é a sugestão de que o túnel leve o nome da ex-rainha do Maracatu Nação Elefante e Maracatu Leão Coroado, Dona Santa. “Já demos entrada num projeto de lei, solicitando que isso também seja revisto e faremos pressão, assim como fizemos com o nome do Hospital da Mulher” diz a vereadora Isabella de Roldão.