Veja a íntegra da resposta de Edilson Silva ao organizador da Festa da Lavadeira Em atenção à publicação que tratou neste espaço sobre a Festa da Lavadeira, em que o Sr.
Eduardo Melo profere críticas infundadas e descabidas à minha pessoa, venho informar e esclarecer o que segue: 1 – É sabido por todos aqueles que participam da resistência da Festa da Lavadeira o meu compromisso com a realização desta expressão da nossa cultura e religiosidade, como forma de manutenção de um território conquistado ao longo de décadas pelo povo de Pernambuco.
O próprio Sr.
Eduardo Melo sempre contou com nosso irrestrito apoio para a realização da Festa, numa luta em que, inclusive, em 2011, reunimos em assembleia popular nada menos que 80 entidades da sociedade civil para evitar que o evento fosse banido da Praia do Paiva; 2 – Portanto, nosso envolvimento, agora como parlamentar, na defesa da Festa na Praia do Paiva neste ano de 2015, é o seguimento natural e coerente de uma trajetória.
Sempre esteve entre nossos compromissos de militância, de campanha e agora de mandato, seguir a luta para devolver a Festa ao seu local de origem.
Da mesma forma que em anos anteriores, estamos agora onde sempre estivemos, no apoio à sociedade civil e a grupos culturais que não abrem mão da defesa da sua expressão cultural; 3 – O local onde a Festa da Lavadeira sempre foi realizada no Paiva é um espaço territorial garantido por lei.
Consta do EIA (Estudo de Impacto Ambiental) do Empreendimento que hoje se constituiu num condomínio de luxo.
A área é um parque, reservado para a realização do evento Festa da Lavadeira todo dia 1º de Maio.
O empreendimento tem respeitado este território e ele está lá, disponível para a realização da festa popular; 4 – A Festa da Lavadeira não é patrimônio privado ou de qualquer associação. É um patrimônio público imaterial, tombado em lei estadual e municipal da cidade do Cabo de Santo Agostinho, e que faz parte do calendário oficial da Empetur.
Por esta razão, a sociedade civil mobilizada conseguiu realizar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) junto ao Ministério Público de Pernambuco, e que, portanto, tem força de Lei, garantindo a realização da Festa da Lavadeira em seu local original.
Este TAC é de 2011 e está vigente, conforme atestou-nos a Promotoria Pública do Cabo de Santo Agostinho em recente reunião neste Ministério Público; 5 – Lamentavelmente, apesar de todas estas questões que garantem a realização da Festa na Praia do Paiva, o Sr.
Eduardo Melo, que se arvora o dono desta festa popular, fez acordos pouco transparentes para retirar a festa do seu local original, levando-a para Recife a partir de 2012 e levando-a agora para o Estado de Goiás.
Estas atitudes do Sr.
Eduardo Melo retiram-lhe as condições de falar em defesa das tradições da referida Festa.
Na verdade, ao invés de fazer acusações infundadas contra aqueles que sempre lhe estenderam a mão, o Sr.
Eduardo Melo deveria explicar quais foram as razões e os motivos que lhe fizeram abandonar a realização da Festa no Paiva.
E, mais do que isto, agora deveria também explicar porque tanto desespero ao ver a sociedade mobilizada para realizar sua festa em seu local original.
Resta-nos, diante dos fatos, sugerir que o Sr.
Eduardo Melo negociou o patrimônio público imaterial construído pelo povo de nosso Estado, e agora encontra-se diante da necessidade de insurgir-se insanamente contra aquilo que pensávamos ser uma bandeira sua; 6 – Apesar dos destemperos deste que se arvora dono do patrimônio público e popular, atesto que não há da parte dos que querem realizar a manifestação popular e religiosa no Paiva qualquer tentativa de “roubar-lhe” o seu negócio.
Tenho certeza que os grupos culturais, artistas, entidades populares e cidadãos pernambucanos - que criaram inclusive a Associação Salve a Lavadeira no Paiva -, que hoje lutam contra a transformação de uma manifestação popular em evento privado para o deleite material de uma única pessoa, não colocarão obstáculos para que a Associação Festa da Lavadeira, pertencente ao Sr.
Eduardo Melo, esteja à frente da manifestação na Praia do Paiva.
Seria inclusive uma boa maneira do referido senhor provar que não fez negócios com os empresários que exploram imobiliariamente aquela área.
Fica aqui a sugestão: assuma a realização da Festa no Paiva, Sr.
Eduardo Melo, e vamos juntos lutar em defesa da nossa cultura popular e tradicional e dos nossos territórios conquistados.
Edilson Silva – Deputado estadual pelo PSOL-PE