Foto: Gustavo Lima/Agência Câmara Por Bruno Araújo Na Folha de S.
Paulo Em dois debates durante a campanha presidencial, Aécio Neves deu oportunidade para que a presidente Dilma Rousseff pedisse desculpas aos brasileiros por ter tirado a então maior empresa do país das páginas de economia e a levado para o noticiário policial.
Dilma ironizou a proposta e negou qualquer relação com a crise na Petrobras.
O que se sabia, então, era pouco, quase nada.
Menos de seis meses e algumas delações premiadas depois, ficou claro que o petrolão é o maior escândalo de corrupção da história deste país.
Mas a crise não é só de corrupção. É também política, já que a presidente não controla sua base política e perdeu o apoio até de parte de seu partido. É econômica, pois as contas públicas estão fora de controle, gerando inflação e ameaça de desemprego.
E é, sobretudo, de confiança.
A presidente mentiu durante a campanha e na formação de seu governo.
Mente ao não reconhecer a gravidade da situação.
Assim, perde a confiança que a maioria dos brasileiros que foi às urnas lhe deu em outubro passado.
A última pesquisa do instituto Datafolha comprovou o que a rua já mostrava: os brasileiros não confiam mais na presidente e em sua equipe.
Sua gestão é aprovada por apenas 13% dos eleitores.
O pessimismo com a economia é impressionante: os brasileiros acham que a situação do país vai piorar, preveem que o desemprego aumentará e que a inflação vai crescer.
Dilma quebrou a confiança do brasileiro.
Os erros e as mentiras do passado levaram à situação de insatisfação no presente e à desesperança com o futuro.
Em todas as regiões, classes sociais e faixas etárias.
O descontentamento é geral.
Setores que pouco tempo atrás lhe deram a vitória, agora a desprezam.
No mesmo dia da divulgação da pesquisa Datafolha, o Brasil viu outra farsa desmoronar.
Com a saída espetaculosa de Cid Gomes do Ministério da Educação, ficou evidente que a “pátria educadora” prometida na posse não passava de um slogan.
Cid foi um ministro tampão.
Em sua gestão, o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) entrou em crise e as universidades federais começaram a parar por falta de recursos.
A pasta teve um corte de R$ 7 bilhões e o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) deixou de pagar as instituições formadoras.
O fracasso é evidente.
A verdade é que caminhamos em direção contrária ao slogan.
Em menos de três meses, houve corte de 31% no Orçamento do ministério, 30% no Orçamento das universidades federais, houve atrasos no Pronatec, e milhares de alunos ficaram sem condições de renovar suas matrículas em seus cursos devido ao arrocho no Fies.
A educação andou para trás neste segundo mandato, assim como todo o país. É mais um setor que perde a confiança no governo.
Acuada, a presidente não consegue apontar caminhos para superar a crise.
Prefere usar de cinismo ao lançar um pacote de combate à corrupção inócuo, com medidas recicladas e que já tinham sido apresentadas pelo então presidente Lula como cortina de fumaça no auge da crise do mensalão.
A presidente não precisa de pacotes, precisa da verdade.
Precisa olhar nos olhos dos brasileiros e reconhecer os muitos erros que cometeu. É o primeiro passo da difícil caminhada para recuperar um mínimo de confiança da população.
Uso este nobre espaço para, repetindo Aécio Neves, fazer uma proposta à presidente: Dilma, minha cara, peça desculpas aos brasileiros por todos os seus erros e mentiras.
O Brasil merece a verdade.
Bruno Araújo, 43, advogado, é deputado federal pelo PSDBPE e líder da oposição na Câmara