Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR O ministro Edinho Silva, da Comunicação Social, chegou com a proposta de que a presidente Dilma Rousseff faça uma rodada de longas entrevistas, onde conseguiria explicar melhor o ajuste fiscal que tenta implantar no país.
A orientação é simples.
Dilma tem falado em discursos e em rápidas declarações à imprensa, sem desenvolver com mais calma os argumentos para defender as medidas anunciadas.
Nesta quarta-feira, já deu o start, ao falar em uma entrevista concedida pela presidente a agência Bloomberg News.
Que bom!
Falou de pré-sal, de Petrobras, de crise e ajuste fiscal. “No que se refere à governança, eu acho que nós estamos ultrapassando os desafios da governança da nossa gestão, através de várias medidas de compliance.
Eu vou até falar a palavra em inglês porque ela em português é muito esquisita, é de conformidade, eu acho até que fica mais clara em inglês.
Mas as medidas principais serão a divulgação do balanço da Petrobras, que nós acreditamos que cumpriremos até o final de abril”, prometeu. “Eu queria aqui da uma palavra sobre a Petrobras.
A Petrobras hoje, ela ultrapassou as suas dificuldades técnicas.
Depois eu vou falar das suas dificuldades de gestão e de governança.
As dificuldades técnicas diziam respeito ao aumento da produção de petróleo.
Nós voltamos agora a produzir, nós tivemos uma queda ao longo de 11 e 12, tivemos de reaglutinar alguns empreendimentos e refazer nossa curva de produção.
Então, estamos produzindo 2 bilhões, cento… eu não vou falar por que flutua, mas é em torno de 100 mil barris/dia, 2 milhões e 100 mil barris dia.
Só a Petrobras, sem contar as demais empresas que produzem no Brasil.
Então, nós voltamos, nós estamos progressivamente voltando à condição de primeiro de autossuficientes e depois nós viraremos exportadores”. “A boa notícia nisso tudo é que o pré-sal, que era um desafio para nós, nós passamos de uma produção média de 350 mil barris para uma de 660 mil barris.
E chegamos a um pico, porque a produção de petróleo ela flutua, o que eu dou é a média.
Chegamos até um pico de produção de 713 mil barris/dia.
Qual é a boa notícia? É que o petróleo do pré-sal é de melhor qualidade e tem um grau de API muito mais vantajoso para nós do que a gente esperava, num quadro esse de preços de petróleo bem mais baixos do que há um ano atrás.
Mas a gente sabe perfeitamente que, para o Brasil, isso é muito importante.
Porque uma parte dessa produção vai significar uma redução bastante grande das nossas importações de petróleo.
Eu não acredito que isso se dê de forma súbita, mas vai ser sistemática ao longo do tempo”.
Lava Jato e a demanda por concessões Nós acabamos de licitar a ponte de Rio-Niterói.
A ponte Rio-Niterói e os acessos da ponte ao porto, e houve seis empresas.
Você não tem todas as empreiteiras brasileiras envolvidas.
Algumas vão ter de fazer acordo de leniência.
Agora, eu não acho que isso impeça o investimento.
Nas ferrovias, por exemplo, nós vamos ter alguns interesses muito fortes, não só porque ferrovia no Brasil é algo que tem muito a ver com agronegócio, os minérios, e a saída dessa produção para o Norte do país e não mais para o Sul.
Então, hoje nós fazemos, nós abrimos para o investidor privado quem quer estudar esse projeto.
Por exemplo, vou te dar um exemplo, de um ponto na região Centro-Oeste do país, grande produtora de grãos: região de Sinop até Miritituba, no Pará, que é um porto que vai dar no oceano Atlântico e sai pelo canal do Panamá para todo o mercado asiático.
Nós vamos receber, eu falei há pouco, o primeiro-ministro chinês e vamos discutir com ele a ligação, que é do interesse chinês, do Atlântico ao Pacífico.
Nós, eu tenho certeza, teremos interessados nos portos do país.
Se você vir naquele marco regulatório que a gente aprovou no final de 2012 início de [20]13, eu acho que foi [[20]13, nós abrimos os portos brasileiros ao investimento privado.
A quantidade de terminais de uso privativo que hoje estão construídos no Brasil é uma coisa bastante importante.
E agora estamos finalizando as tratativas para liberar a discussão do Porto de Santos, renovar concessões.
Outra coisa que nós pretendemos fazer também é ampliar a concessão de aeroportos.
Tudo isso nós… eu acho que criará também no Brasil um outro clima.
Eu acredito que, pela altura das Olimpíadas, o ano que vem, o Brasil estará em um outro patamar.
Mais negócios O Brasil hoje já está aberto aos negócios.
Mas eu acho que ele agora vai se abrir mais, e eu vou dizer por quê.
Porque eu acho que o reequilíbrio fiscal funciona como uma espécie de âncora de expectativas.
E aí vai ser muito importante esse retorno da confiança.
Agora, eu tenho, eu acho, eu acho que o Brasil tem um acervo.
Nós, depois daquele momento, lá nos anos 90, da crise da dívida, o Brasil sempre respeitou contrato, sempre respeitou contrato, e isso eu acho que é uma questão que dá credibilidade muito grande ao país.
O Brasil tem um setor privado extremamente forte; o Brasil não é um país que tem um setor privado fraco.
O Brasil tem um sistema financeiro robusto; um sistema financeiro robusto do ponto de vista dos seus bancos privados, não é?
Se você for olhar em termos de regras de Basileia, o Brasil está bem avançado na adoção dessas regras.
E mesmo o seu setor público é um setor público que não teve bolha, nós não temos bolha de ativo.
Então, quando eu te digo que os nossos fundamentos são fortes, que o nosso problema é conjuntural, é por isso.
Estruturalmente o Brasil, hoje, também é um país diferente do passado.
Nós tiramos 44 milhões de uma situação de pobreza para a classe média, e 36 milhões da miséria; é um outro país.
Esse país tem mais demanda, é mais crítico, é muito mais inquieto, mas nós, que fizemos isso, temos responsabilidade sobre ele, porque isso foi feito nos últimos 12 anos, 12 anos esse país tinha… não tinha 44 milhões de pessoas na classe média, 44 milhões é maior que o maior país, maior mercado da América Latina.
Esse país hoje é um grande consumidor, com uma baita demanda reprimida, mas também é um país com oportunidade de investimento por quê?
Nós temos 200 milhões, não temos conflitos étnicos, não temos conflitos religiosos, temos uma democracia bastante vibrante, uma imprensa livre, e uma situação que eu acredito que é conjuntural.
O gigante está de pé, não se esqueça.