Num duro pronunciamento na Câmara Municipal do Recife, o líder do PSDB na Câmara Municipal da capital, vereador André Régis, disse que o prefeito Geraldo Júlio está indo na contramão do que sugere a atual crise econômica, pois, ao invés de economizar recursos e aplicá-los em setores da educação, ele prefere gastar dinheiro em atividades meio como é o caso de um projeto que prevê a a criação de mais 387 cargos comissionados na PCR. “Mais uma vez o poder executivo envia projetos que implicam em aumento de cargos comissionados, solicitando tramitação em regime de emergência, e sem uma exposição de motivos que explique claramente aos vereadores, ao povo e à imprensa todos os detalhes dessa iniciativa onerosa aos cofres públicos, optando por textos genéricos que nada significam”, reclamou o parlamentar. “A ordem do dia só foi disponibilizada e comunicada às 11h30 desta terça, quando, inclusive, eu já estava a caminho da Câmara e não sabia, até então, que esse projeto tinha entrado na pauta.

Há dias, na reunião da Comissão de Educação e Cultura me deparei com esse projeto.

Pedi ao líder do governo para entrar no mérito do projeto e também passar a discussão para votação na próxima segunda-feira.

Mas não houve transigência por parte da liderança do governo”, disse André Régis.

Em sua crítica à forma como a prefeitura age em relação ao poder legislativo do Recife, o tucano afirmou que o trabalho da imprensa fica também prejudicado na medida em que os jornalistas são surpreendidos com os temas que vão à votação. “O debate deveria ser qualificado.

Então, reforço aqui o pedido, à liderança do governo, à presidência da casa, para que a esse projeto seja retirado de votação”.

Essa não é a primeira vez que a gente se depara com projetos dessa natureza.

Eu acredito que esse é o terceiro ou quarto somente este ano.

A prefeitura não tem ideia e nem propõe uma ampla reforma administrativa que estaria em curso.

Quando o prefeito Geraldo Júlio foi eleito, prometeu um choque de gestão.

Nós já estamos há dois anos e parece que o “choque” são pequenos choques de baixa voltagem, insuficientes para fazer com que a máquina pública receba a devida atenção em termos de operacionalidade e baixos custos por conta inclusive da recessão”.

André Regis sugeriu que a prefeitura da cidade do Recife promova um choque de gestão. “E nós precisamos das informações necessárias para que os contribuintes sejam respeitados.

Afinal de contas, todo ano há um aumento do IPTU.

E esse aumento serve então para patrocinar cargos comissionados?”, indagou. “A prefeitura promete manter inalterado o patamar de comprometimento na folha de pagamento dos cargos comissionados, mas o valor final sempre cresce.

Isso porque nós temos anualmente, o processo inflacionário.

Nós estamos passando por uma crise profunda no Brasil.

O PT mergulhou a nação numa crise sem precedentes e de futuro incerto.

O prefeito Geraldo Júlio tem a obrigação de preparar a cidade de melhor maneira possível para que ela saia dessa recessão sem comprometimentos além do que já estamos passando.

Não é criando cargos nem aumentando valor nominal de cargos comissionados que a gente resolve o problema da cidade do Recife”. “Faltam recursos para infraestrutura e a gente vai colocar dinheiro em cargos comissionados?

Cargos comissionados, nesse momento de crise, deveriam ser extintos.

Nós deveríamos cuidar da meritocracia e valorizar o concurso público.

Acabei de receber várias professoras aprovadas no último concurso, em 2011, e não foram contratadas.

Na iminência de perder a validade do concurso, pois ainda temos mais um ano à frente, cargos comissionados são preenchidos”, afirmou André Régis. “A exposição de motivos do projeto de lei que transforma 93 cargos comissionados em novos 387 postos não explica nada.

Ninguém é capaz de entendê-la e vale lembrar que a transparência do serviço público não vale apenas para legislativo.

Esse é um documento público que deve ser entendido pela sociedade representada, aqui nesta casa, por todos nós.

Entretanto nem a imprensa e nem os cidadãos que leem uma exposição de motivos como essa, são capazes de entender se a lei é boa, se é ruim, se é necessária ou se não é.

E essa exposição de motivos é imprestável, pois, simplesmente não explica porque os cargos estão sendo criados”.

Em resposta a um aparte do vereador Jairo Brito, o líder tucano disse que o PSDB não faz parte da administração de Geraldo Júlio. “A vereadora Aline Mariano está lá por conta dela e do prefeito Geraldo Júlio.

O PSDB não está na secretaria.

Mas isso não é discussão.

A discussão é que vossa excelência não convenceu ninguém do que é preciso para investir e criar esses cargos comissionados.

Genérico vossa excelência foi.

Pelo seu argumento a prefeitura não tem quadros técnicos próprios.

Os servidores da casa não têm a competência para fazer os serviços?” ponderou André Régis. v