Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara O ex-gerente de implementação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) Glauco Colepícolo Legatti afirmou, nesta terça-feira (31), em depoimento prestado à CPI da Petrobras na Câmara Federal, que não houve superfaturamento na construção do empreendimento, que fica situado no Porto de Suape, em Pernambuco.
Ele calculou o gasto total com a construção e suprimento da Rnest como sendo R$ 26 bilhões.
Legatti negou ter recebido qualquer propina na execução da refinaria. “Não tem superfaturamento na obras.
Houve um acrescimo de custo.
Isso não é superfaturamento”, afirmou. “Não tem um centavo pago que não tem um serviço em contrapartida.
Não existe, na Refinaria Abreu e Lima, um serviço pago, que não tenha sido realizado na refinaria”, garantiu.
Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara Legatti comandou as obras de implantação da Rnest desde 2008 até novembro do ano passado, quando foi afastado pela Petrobras após uma apuração interna de irregularidades na estatal.
Nos principais contratos da unidade foram realizadas 50 licitações e mais de 396 aditivos, que teriam chegado a R$ 4 bilhões.
Ele alega que a diferença de valor entre os US$ 13,3 bilhões do orçamento da refinaria e o custo real de cerca de US$ 18,5 bilhões são resultado de mudanças de projeto, como ajustes da quantidade de insumos que seriam consumidos para que ela entrasse em operação.
O ex-gerente também aponta a cotação do dólar como um dos motivos pelos quais os valores divulgados divergiram. “Os projetos todos foram contratados dentro das margens estabelecidas”, defende. “O que pagou-se a mais são por serviços ou valores que a empresa fazia justiça por receber, que era justo pagar”, explica.
Glauco também rejeitou a tese de que a refinaria teria custado mais caro porque foi anunciada inicialmente pelo governo como orçada em US$ 2,4 bilhões, num cálculo que o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa diz ser “conta de padeiro”. “A refinaria de US$ 2,4 bilhões não existe.
A refinaria que existe é a de US$ 13,3 bilhões”, afirma.
NEGA PROPINA - Responsável por comandar a construção da Refinaria Abreu e Lima, Glauco Legatti negou ter recebido qualquer propina do engenheiro Shinko Nakandakari, da Galvão Engenharia.
Shinko havia alegado ter pago propinas de cerca de R$ 400 mil ao ex-gerente responsável pela Rnest.
Foto: Zeca Ribeirto/Agência Câmara Legatti afirmou que a empresa tinha dois contratos dentro da refinaria.
Um de R$ 498 milhões para fazer a interligação elétrica entre as estações e drenar águas oleosas e contaminadas, além de instalar todas as redes de Tecnologia da Informação e de iluminação na Rnest.
Outro contrato de R$ 169 milhões foi assinado para fazer o asfaltamento e o arruamento da unidade.
Glauco, que era comandado por Pedro Barusco, que já admitiu participar dos desvios, disse que nunca tomou conhecimento de ilícitos praticados por ele ou pelo diretor Renato Duque.
O ex-gerente também afirmou que nunca recebeu denúncias de irregularidades nas licitações dos contratos da Refinaria Abreu e Lima.
Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara BATE-BOCA - A sessão da CPI da Petrobras começou com um bate-boca depois que Legatti afirmou, na primeira resposta, que explicaria a sua relação com Shinko Nakandakari nas próximas perguntas do relator, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
Parlamentares da oposição disseram que, na última CPI, houve um caso de relator combinar perguntas com os investigados, o que causou reação na bancada governista e discussão. “Se vocês tem alguma prova de que há combinação entre mim e o depoente, façam.
Não fiquem de provocação”, respondeu Luiz Sérgio.
Glauco Legatti disse que não recebeu nenhum tipo de treinamento para o seu depoimento e que jamais teve ideia das perguntas que seriam feitas, apenas imaginou que haveriam mais questionamentos sobre a denúncia de Shinko.