Governador Paulo Câmara (PSB) durante o Todos por Pernambuco.
Foto: Roberto Pereira/Governo do Estado.
Por Fernando Castilho Na coluna JC Negócios do Jornal do Commercio desta terça-feira (31).
Diz a sabedoria popular que, na crise, é melhor ser pobre A do que classe média C.
Pobre A mora longe, mas no melhor edifício do bairro.
O carro é usado, mas é o mais novo do prédio e seus filhos estudam em colégio particular, ainda que não seja o melhor da cidade.
E ele ainda tem cartão de crédito Visa quando seus vizinhos só possuem o Hipercard.
Classe média C só tem a pose.
Está sempre no limite, vive no cheque especial e se enche de despesas que a renda não consegue pagar na hora do aperto.
Pernambuco está nessa situação.
Durante o governo Eduardo Campos o pacote de investimentos, a geração de emprego acima da média nacional e as verbas transferidas pela União criaram despesas (e a ilusão) de que tínhamos mudado de padrão e tínhamos virado Estado classe média.
Não era verdade e o governo Paulo Câmara herdou um volume de despesas fixas que não consegue manter.
Esse pacote de novas despesas não tem como ser sustentado só com o ICMS, FPE e Transferências Obrigatórias.
Exige empréstimo e verba da União.
Hoje, Pernambuco precisa gerar receita para pagar contas como a da Arena Pernambuco, o déficit do Sistema BRT, o pacote das UPAs (algumas prontas e sem poder funcionar devido aos novos custos) e as escolas técnicas estaduais.
Isso sem falar nos hospitais regionais, que funcionam pela metade.
O caso do reajuste dos professores é emblemático.
Assim como Dilma Rousseff (lembra do Pátria Educadora?), Paulo Câmara prometeu fazer de Pernambuco um Estado onde os alunos da rede pública têm Ideb igual ao dos alunos da rede privada.
Mas se pagar o piso do setor, estoura, de vez, o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Estouramos o limite prudencial Na conversa que terá, amanhã, com os deputados, na Comissão de Finanças da Assembleia, o secretário da Fazenda, Marcio Stefanni, vai dizer que as contas do Estado, no primeiro bimestre, foram muito ruins: O ICMS cresceu 6,8%, o FPE caiu 0,6% e a folha de pessoal atingiu, em fevereiro, 47,14% da Receita Corrente Líquida e estourou o Limite Prudencial (46,55%) determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.