Foto: BlogImagem Por Adriano Oliveira As manifestações são detalhes.

A avaliação da administração da presidente Dilma Rousseff e as expectativas dos eleitores para com a economia são os indicadores principais.

O instituto Datafolha realizou pesquisa entre os participantes das manifestações do dia 15 de março na cidade de São Paulo.

A pesquisa revelou que 82% dos manifestantes votaram em Aécio Neves no segundo turno e 68% têm renda superior a cinco salários mínimos.

Pesquisas dos Institutos Maurício de Nassau (IPMN) e Instituto MDA realizadas entre os eleitores brasileiros após as manifestações mostram que a gestão da presidente Dilma Rousseff tem índice de reprovação acima de 64% em todas as regiões do Brasil – Aprova versus Desaprova.

No Nordeste, de acordo com o IPMN, região caracterizada pela força dolulismo, e onde Dilma obteve excelentes votações nas disputas presidenciais, a reprovação do seu governo é de 64%.

Na região Norte, o governo de Dilma Rousseff é reprovado por 68% dos sufragistas – IPMN.

Considerando as pesquisas do IPMN e da MDA, constato que a administração da presidente Dilma Rousseff é reprovada em todos os segmentos econômicos.

Destaco, entretanto, que entre os sufragistas que possuem renda entre 2 a 5 salários mínimos, a reprovação da presidente é de 71% - IPMN.

Neste segmento estão os eleitores que tiveram mobilidade social nas eras Lula e Dilma.

Portanto, estes sufragistas contribuíram fortemente para o sucesso eleitoral de Dilma Rousseff nas eleições de 2010 e 2014.

As expectativas econômicas dos eleitores se caracterizam pelo sentimento de pessimismo.

De acordo com a pesquisa do Datafolha realizada entre os eleitores brasileiros após as manifestações do dia 15 de março, 60% dos sufragistas consideram que a situação econômica do Brasil irá piorar.

Quando questionados sobre a inflação, a qual representa o dia a dia do eleitor, já que ele, geralmente, gasta recursos financeiros cotidianamente, 77% afirmam que ela irá aumentar.

Então, o pessimismo com a inflação condiciona o pessimismo com a situação econômica do país.

O debate em torno do perfil dos participantes das manifestações é relevante.

Porém, não contribui para explicar a realidade do governo Dilma Rousseff entre os eleitores.

Ao contrário dos índices de reprovação do governo Dilma e as expectativas pessimistas dos sufragistas para com a economia.

As manifestações representam uma parte da crise do governo Dilma entre os sufragistas.

A desaprovação do seu governo e o pessimismo dos eleitores para com a economia representam as partes mais robustas e preocupantes do todo.

Adriano Oliveira é doutor em Ciência Política.

Professor da UFPE.

Autor de diversos artigos e livros sobre o comportamento do eleitor, dentre os quais, Eleições não são para principiantes, Editora Juruá, 2014.