Por Mendonça Filho Uma semana depois do movimento que reuniu milhares de pessoas nas ruas de todo o país, o som das manifestações ainda ecoa alto.
Desta vez é a revista “The Economist”, em sua editoria “Américas”, trouxe como um dos destaques de sua mais recente edição a reportagem “Sabedoria das multidões”.
Ao analisar as manifestações do dia 15 de março – coincidentemente quando o Brasil comemorou 30 anos da redemocratização -, a conceituada revista britânica é categórica ao afirmar que, após “queixas difusas em 2013”, os protestos de 2015 “são direcionados a Dilma Rousseff e ao PT”.
Definidos os alvos das críticas, não é preciso ir longe para identificar suas razões.
A corrupção que desmoraliza e desvaloriza a principal estatal do país é uma delas.
Considerada orgulho nacional, a Petrobrás agora é, infelizmente, sinônimo de escândalo.
Nunca antes na história deste país houve um esquema tão sofisticado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Estimativas preliminares apontam para desvios de R$ 10 bilhões.
E as investigações da Operação Lava Jato completam um ano a todo vapor.
A situação econômica do país é outra fonte de insatisfação.
E sua face mais cruel é a alta da inflação.
As famílias brasileiras gastam cada vez mais para comprar gêneros alimentícios, itens pessoais e de limpeza.
No nosso Recife, o preço da cesta básica subiu 1,55% em fevereiro, na comparação com o mês anterior, segundo o Dieese.
Também há descontentamento com os caminhos adotados pelo governo para o chamado “ajuste fiscal”, que, para mim, é o “ajuste do mal”.
A alteração das regras previdenciárias e para concessão do seguro-desemprego elevou o tom das críticas.
Poucos discordam da necessidade de o governo, após os equívocos na condução da política econômica, equilibrar as contas, mas muitos perguntam, e eu faço parte deste grupo, porque não dar o exemplo e enxugar a máquina pública.
Reduzir de 39 para 22 o número de ministérios é uma boa ideia.
Para responder à “sabedoria das multidões”, o governo trouxe respostas requentadas, no caso da corrupção, e mais maldade econômica.
Apresentou a conta do “ajuste do mal” à população.
Não permitiu a correção de 6,5% da tabela do Imposto de Renda para todos os contribuintes, proposta defendida por mim na Câmara dos Deputados.
E conseguiu adiar a votação da proposta que reajusta os benefícios previdenciários e aposentadorias.
Enfim, uma sequência de maldades que teve data para começar – fim do segundo turno da última campanha presidencial – e meio.
O fim, ninguém sabe se existe.
Mendonça Filho é deputado federal