Refinaria Abreu e Lima.
Foto: Heudes Regis/JC Imagem.
Numa entrevista ao jornal Folha de S.
Paulo, o presidente do Conselho de Administração da Engevix, Cristiano Kok, admite ter desviado R$ 7 milhões de um contrato na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Porto de Suape, em Pernambuco, para pagar ao doleiro Alberto Yousseff, investigado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Um dos sócios da empreiteira, Gerson Almada, está preso há mais de 120 dias pela Polícia Federal. “Foram R$ 6 milhões a R$ 7 milhões num contrato de R$ 700 milhões da refinaria Abreu e Lima, e mais uns R$ 3 milhões na refinaria de Cubatão.
Pagamos em prestações mensais para três empresas do Alberto Youssef, como se fosse prestação de serviços”, conta Kok.
O executivo diz que não sabe dizer para quem foi distribuído o dinheiro, mas que sabia que Youssef representava o PP porque o contato com o doleiro havia sido indicado pelo ex-deputado José Janene, do partido.
Cristiano Kok conta que a Petrobras lançava obras sem projeto e acrescentava pedidos que faziam a obra ficar mais cara. “Pediu granito no banheiro, no refeitório, um revestimento caríssimo nos 53 prédios da refinaria.
Em Abreu e Lima, nosso contrato era de R$ 700 milhões, mas acabamos gastando R$ 1,1 bilhão por causa das exigências extras da Petrobras.
Nos devem R$ 400 milhões”, dispara Kok.
Na entrevista, o empresário afirma que o esquema que era realizado na Petrobras era uma extorsão das empreiteiras, que não podiam se recusar, sob pena de perder o mercado. “Os políticos aparelharam esssa máquina com gestores incompetentes, para obter vantagens pessoais ou para seus partidos.
A versão que tem sido divulgada é que a Petrobras foi assaltada por um bando de empreiteiras.
A verdade é que os políticos aparelharam a Petrobras para arrancar dinheiro das empreiteiras”, disse. “Agora, será que alguma empresa poderia ter denunciado que estava sendo extorquida pelo Paulo Roberto [Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras]?
No mundo real não dá para fazer isso.
Você sai do mercado, seu contrato é cancelado, vão comer teu fígado”, afirmou.