Foto: Gabriela Korossy/Agência Câmara O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque acaba de anunciar que, atendendo recomendações dos advogados, exercerá o seu direito constitucional ao silêncio, durante o depoimento que está prestando à CPI da Petrobras na Câmara na manhã desta quinta-feira (19).

Os deputados têm direito a fazer as suas perguntas mesmo assim. “Não posso dizer que é um prazer estar aqui.

Mas cumpro o minha obrigação como cidadão”, afirmou, no início da reunião. “Existe uma hora de falar e uma hora de calar.

Esta é a hora de calar, do meu ponto de vista.

Eu estou sendo acusado, me encontro preso, então por esse motivo é que eu estou exercendo meu direito constitucional ao silêncio”, avisou.

O objetivo de Duque é que possíveis declarações dadas não sejam usadas contra ele no processo judicial, já que ele não assinou acordo de delação premiada. “Nunca pensei que fosse tão difícil ficar calado”, afirmou, após começar a ouvir as acusações.

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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teve que alterar uma norma da Casa para permitir que ele prestasse o depoimento dentro do Parlamento.

Antes disso, a CPI havia cogitado até ouvi-lo no prédio da Polícia Federal em Brasília.

Na semana passada, o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco disse que as empresas que atuavam na diretoria pagavam 2% do valor dos contratos como propina.

Metade desse dinheiro ia para o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e a outra metade era dividida para Barusco, Duque e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Renato Duque foi indicado para o cargo pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT). “A experiência de CPIs anteriores mostra que quem fica calado tem culpa no cartório”, disparou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). “Vossa senhoria tem pelo menos 30 anos de pena para cumprir.

E a chance de ser protegido pelo PT é zero”, pressionou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) sugeriu convocar a esposa de Duque para depor, já que ela possui conta conjunta com o marido e teria procurado o ex-presidente Lula (PT) após a primeira prisão do ex-diretor.