Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil Por Jamildo Melo, editor do Blog Quando pediu uma licença de saúde, na semana passada, o então ministro Cid Gomes, da Educação, buscava ganhar tempo.

O governo Dilma queria que ele pedisse desculpas aos parlamentares.

Todos os líderes concordavam com essa avaliação, mas Cid dizia que não iria fazer de jeito nenhum o pedido de desculpas.

O governo Dilma então pediu um tempo, para tentar negociar uma saída.

Nesta terça, de manhã, Mercadante ligou para o ministro, mas ele reafirmou que não iria pedir desculpa.

O plano do governo a esta altura era construir uma saída honrosa.

Mercadante foi duro e disse, ontem, que ou ele pedia desculpas ou seria demitido.

Cid Gomes respondeu que não tinha problema de ser demitido.

Acabou demonstrando depois que não tem apego ao cargo mesmo.

Como já havia tomado a decisão de demitir Cid Gomes, o governo Dilma chegou a pedir ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que não realizasse a sessão, de modo a evitar o constrangimento.

Cunha não concordou, alegando que a Câmara não poderia ficar sem a resposta publicamente.

Assim, quando chegou ao plenário da Câmara dos Deputados, Cid Gomes já sabia que ia ser demitido.

Não foi covarde e enfrentou a casa.

Cunha e a procuradoria da Casa prometeram processo contra ele.

Pedir a sua cabeça em rede nacional acaba por dar veracidade à argumentação do cearense.

Quem ganhou com a saída de Cid Gomes.

Ele mesmo, que acabou saindo maior politicamente do que entrou, tendo o discurso que foi demitido por pressão dos “achacadores”.

A orientação do governo foi ficar pianinho, calado, para não contaminar ainda mais o ambiente.

Nos meios políticos, o que se diz é que a sua fala, na linguagem do povo, pode estar mirando 2018, aproveitando o vácuo e a falta de lideranças no Nordeste.

O que explica a suspeita?

Para obter uma das duas vagas ao Senado no Ceará, Cid não precisava desta exposição.

Buscar o cargo de governador não seria fácil, pois o petista Camilo ainda buscará a reeleição.

Sobra o caminho majoritário nacional.

Ciro Gomes é um dos entusiastas do projeto de longo prazo.

Nesta quinta-feira, Cid Gomes pode conceder uma entrevista coletiva em Brasília, dando pistas de suas pretensões.