Por Fernando Castilho, especial para o Blog de Jamildo Foi assim: depois de dois meses que estourou o escândalo do Mensalão, Lula da Silva inventou uma viagem a Paris e lá falou sério sobre o assunto.

A entrevista foi concedida uma repórter freelance brasileira na França (Melissa Monteiro) e o Fantástico comprou os direitos de exibição exclusivo e levou ao ar no domingo, 17, tomando o cuidado de que não tinha produzido as perguntas.

Na entrevista, Lula falou sério sobre a crise política disse que os escândalos de corrupção seriam apurados e que o PT é quem deveria explicar à sociedade onde e por que errou.

Sabe-se hoje que não foi tão simples.

Atordoado com a crise Lula foi buscar apoio em dois políticos aliados no Congresso, Eduardo Campos (PSB) e Aldo Rebelo (PCdoB) e de um respeitado advogado do Rio de Janeiro (Jorge Serpa) reconhecido pelo seu transito no poder.

Lula achava que o PT o abandonara e o PSDB já tinha dito que ele deveria sangrar até o fim.

A articulação no Congresso, com o empresariado e até parte do DEM viabilizou o pronunciamento de Lula e lhe deu um discurso o que explica a admiração pelos dois deputados com o ex-presidente até hoje.

Sabendo-se que Lula jantou a só com Dilma no último domingo em São Paulo é possível inferir que ele tenha lhe dito para seguir o mesmo caminho levando para junto de si o mesmo Aldo Rebelo e Gilberto Kassab no lugar de Eduardo Campos pelo acesso que ele tem hoje no empresariado fora do setor de empreiteiras, e de parte da classe política mais cuidadosa com o futuro do país e até mesmo junto os grandes jornais e TVs.

Lula mais do que ninguém percebeu que se não entrar no circuito a arrogância de Dilma combinada com estupidez de Mercadante pode viabilizar o que as pessoas de bom senso não desejam: o início de um processo de impedimento a menos de 80 dias de governo.

Apesar da chegada de Rebelo e Kassab – o que parece ser o embrião de uma articulação mais profissional sobre a crise-, Dilma continua dando munição a Oposição.

Antes de ir para o Acre ele recebeu o ministro Dias Toffili horas depois dele ter sido remanejado para a segunda turma do STF, exatamente a que vai julgar o Petrólão.

A menos que o próprio STF tenha o encarregado de dizer, pessoalmente, a Dilma que, se ela não atrapalhar, o colegiado está disposto a não se meter nessa rota de um impedimento em nome da governabilidade, terá sido mais uma bobagem.

Até porque nesse momento ninguém está interessado em biometria na votação.