Na Folha de São Paulo desta quarta “Essa bruxa já foi embora?”, indagou, ainda deitada no chão, uma faxineira que observava a saída apressada da presidente Dilma Rousseff. “Querem saber o motivo da vaia? É simples: estou cansada de trabalhar e não ter nada.

Tudo em que ela mete a mão dá errado”, concluiu, enquanto se levantava e voltava ao trabalho no Anhembi, sem querer se identificar.

Mais calmo, junto a seu carrinho com latas de cerveja e refrigerante e garrafas de água, o vendedor Alexandre Frediano, 30, foi um dos poucos que não se incomodaram em se identificar. “Eu moro em Mogi [DAS CRUZES]e lá todo mundo aderiu ao panelaço.” Por que as pessoas estão com tanta raiva? “Ela mexeu nos direitos do trabalhador.

Falou a campanha inteira que não ia e fez propaganda negativa do Aécio [Neves, senador do PSDB que disputou a eleição de 2014 com Dilma]”, explicou. “A água está custando R$ 5.

Sobe tudo, menos o salário da gente”, concluiu.

Pintores, marceneiros, copeiras, expositores…

Foram eles que puxaram a vaia contra Dilma.

A defesa da presidente, ironicamente, veio dos patrões.

Sandra Papaiz, diretora da empresa que leva seu sobrenome e é conhecida pela fabricação de fechaduras, minimizou o ato e elogiou a coragem de Dilma. “Foram vaias, mas não foi uma algazarra”, disse Sandra. “São Paulo é um tipo de reduto anti-PT.

No fim, com tudo que está acontecendo, Dilma também teve coragem de vir à toca dos leões”, afirmou.

Questionada se preferia não se identificar por medo de represália do patrão, uma funcionária de um estande resumiu: “Eram os peões se manifestando.

O que eles iam fazer?

A gente tem o direito de dizer o que pensa”.