A presidente Dilma aproveitou uma entrevista coletiva, após cerimônia de sanção da Lei de Tipificação do Feminicídio, no Palácio do Planalto, para reagir aos protestos após o seu discurso, na noite de domingo, na TV, onde deu a sua visão sobre a crise nacional.
A senhora se surpreendeu com os protestos?, perguntou uma jornalista. “Eu acredito que o Brasil tem uma característica que eu julgo muito importante e que todos nós temos de valorizar, que é fato de que aqui as pessoas podem se manifestar.
E tem espaço para isso.
E tem direito a isso.
Eu sou de uma época que a gente se manifestasse, fizesse alguma coisa, acabava na cadeia, podia ser torturado ou morto.
O fato do Brasil evoluir, passar pela Constituinte de 88, passar por processo democrático e garantir o direito de manifestação é algo absolutamente, eu diria, valorizado por todos nós que chegamos à democracia e temos de conviver com a diferença.
O que nós não podemos aceitar…
Temos de conviver com a manifestação, o que nós não podemos aceitar é a violência, qualquer forma de violência nós não podemos aceitar, mas manifestação pacífica elas são da regra democrática”. “Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment e não o 3º turno das eleições.
O que não é possível no Brasil é a gente também não aceitar a regra do jogo democrático”. “A eleição acabou, houve 1° e houve 2° turno.
Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer a não ser que você queira uma ruptura democrática.
Se quiser uma ruptura democrática, eu acredito que a sociedade brasileira não aceitará rupturas democráticas.
E acho que nós amadurecemos o suficiente para isso”. “Eu acredito que a manifestação, quem convocar, convoque do jeito que quiser, ninguém controla quem convoca, entende?
A manifestação ela vai ter as características que tiver seus convocadores.
Agora, ela em si não representa nem a legalidade, nem a legitimidade de pedidos que rompem a democracia”. “Eu acredito que é muito prudente o país perceber que ele precisa de estabilidade, ele precisa de amainar todas as situações de conflito, porque nós estamos enfrentando uma fase aprofundada da crise econômica.
Ela começou em 2008, teve vários segmentos, até países como a China, hoje estão crescendo a taxas que não se viram nos últimos 25 anos.
Então, hoje nós precisamos de estabilidade e nós precisamos de ultrapassar, e o que eu quis dizer na minha manifestação é que nós iríamos ultrapassar, sim. É um período…
O Brasil tem fundamentos sólidos, não há nenhum motivo pelo qual o Brasil não supere e não faça rapidamente esse momento, não acredito que os brasileiros são a favor do “quanto pior melhor”.
Os que são a favor do “quanto pior melhor”, não têm compromisso com o país, por quê?
Porque eu, na minha manifestação ontem pela televisão, o que eu queria deixar claro é que o Brasil não está vivendo hoje um momento como aquele do passado, em que ele quebrava.
Ele está passando por um ajuste, é um ajuste momentâneo, que caminha em direção à retomada do crescimento econômico.
Nós lutamos para manter emprego e renda e conseguimos”. “Nós últimos seis anos nós seguramos, enquanto eles desempregavam nós mantivemos o emprego.
Nós tivemos um crescimento do PIB acumulado de 19%, um pouco mais, enquanto havia uma queda em vários países do mundo.
Agora, nós temos de modificar a forma de combate à crise, que é o que nós fizemos: tem esses ajustes e correções, que não é só ajustes, tem correção, porque todas as políticas sofrem correção sistematicamente, e eu acredito que nós teremos uma perspectiva muito clara daqui para frente, muito clara.
Acho que o Brasil voltará a crescer, mas não é só que ele voltará a crescer em relação ao período anterior.
Eu acho que nós iremos para um patamar muito melhor do que estamos hoje”. “Então, eu acho que até o final deste ano nós voltamos a ter um certo crescimento, é isso que nós esperamos.
Nós vamos ter um esforço agora para ser compensado depois, está é a condição em qualquer hipótese.
Quem prometer outra coisa, não vai conseguir entregar.
Porque houve, no ano de 2014, uma deterioração muito maior do que se esperava, muito maior”.