Humberto Costa em discurso no Senado Federal.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Sendo Líder do PT no Senado, o senador Humberto Costa (PT-PE) usou a tribuna da Casa para questionar a decisão do Ministério Público Federal (MPF) de inclui-lo na lista dos que devem ser investigados por envolvimento com desvios na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato e atribuiu a acusação contra ele à pressa de entregar nomes à imprensa.
Durante a fala, Humberto soou visivelmente exaltado ao se defender das acusações.
Humberto é acusado de ter recebido dinheiro dos desvios para a sua campanha ao Senado em 2010.
Nas delações premiadas, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que teria sido procurado por um amigo de Humberto, Mário Beltrão, para ajudar com R$ 1 milhão na campanha daquele ano.
OUÇA O ÁUDIO DO DISCURSO: Paulo Roberto Costa diz, então, que recomentou ao doleiro Alberto Youssef que fizesse o pagamento dos recursos do PP.
Em sua própria delação, o doleiro diz que não recebeu nenhum pedido nesse sentido e diz que o ex-diretor deve ter se enganado.
O petista classificou o pedido da Procuradoria-Geral da República de um “espetáculo de incoerências e contradições”. “Parece incrível que alguém tenha ainda encontrado elementos para a abertura de um inquérito”, afirma. “Eu só posso atribuir à pressa de entregar à imprensa nomes que estão tendo o julgamento sumário que estão tendo agora.”, diz. “Os dois depoimentos se afundam e se anulam em suas evidentes contradições, em seu ‘descompasso’, para usar aqui uma expressão da própria Procuradoria-Geral da República, tornando insubsistente a fundamentação de um inquérito para investigar o que, de fato, não existe, como eles mesmos reconhecem”, defende o senador.
Ele lembra que tanto Paulo Roberto Costa, quanto Alberto Youssef negam conhecê-lo pessoalmente.
O procurador-geral Rodrigo Janot pediu diligências e inquérito que investigue o possível recebimento de dinheiro pelo pernambucano.
A petição tem o número 5.256.
Humberto Costa em discurso no Senado Federal.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Sendo Humberto também pediu a Janot que apresse o inquérito para que ele possa ser inocentado dentro de um mês. “Não vou lhe fazer nenhum pedido político, não sou de fazer isso, e não quero nenhum tipo de benesse.
Eu quero a Justiça.
Mas quero que ela se faça rápido.
Senão, estarei aqui durante um ano, dois, olhado pelas pessoas como um suspeito, como um bandido.
Andando nos aeroportos e ouvindo cochichos.
Me dê esse direito, doutor Janot.
Apure em 30 dias e diga se eu tenho algum envolvimento com essa Operação Lava Jato”, pediu. “O fato de parte dos recursos que legalmente recebi na campanha de 2010 vir de empresas investigadas no contexto da Operação Lava Jato não é, por si só, motivo de suspeição e, muito menos, motivo de abertura de inquérito”, explica ainda Humberto Costa, que afirma que 250 deputados federais e senadores receberam doações das empresas envolvidas nas denúncias nas últimas eleições.
O senador também afirma que, entre 2006 e 2010 sofreu todo tipo de linchamento moral, por causa das denúncias na Operação Vampiro, de quando era ministro da Saúde, e que no final, foi inocentado pelo próprio Ministério Público Federal (MPF). “Pela segunda vez em minha história sou submetido á tortura pública de responder por algo alheio aos meus atos, como ocorreu na Operação Vampiro”, se queixa Humberto. “Não esmorecerei.
Sou inocente.
A cabeça baixa quando a consciência pesa.
No meu caso, não tenham dúvidas de que a minha estará erguida para lutar até o fim pelo que há de mais precioso na vida pública: a honra”, garante.
Fernando Bezerra Coelho no Senado.
Foto: Moreira Mariz/Agência Senado FERNANDO BEZERRA COELHO - Ao final da fala, Humberto foi aparteado pelo também senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), que defendeu o colega petista. “Eu não poderia ficar indiferente ao desabafo, à indignação com que o senador aqui se pronunciou”, disse o socialista, que fez questão de destacar a vida de Humberto como homem público de Pernambuco. “Vossa Excelência tem uma trajetória reta, limpa, de serviços prestados ao nosso Estado e ao nosso País.
Tenho certeza que ao final dessas investigações, mais uma vez, Vossa Excelência vai provar a sua honestidade”, assegurou.