Foto: JC Imagem Por Paulo Veras, repórter do Blog de Jamildo.
Márcio Stefanni é, como ele mesmo se define, um pernambucano de João Pessoa que trabalhou quase uma década no BNDES e, desde 2011, ocupa cargos públicos decisivos para a economia de Pernambuco.
Há 65 dias como secretário da Fazenda, responsável pela arrecadação e pela política econômica do Estado, o advogado de 37 anos é visto pelos colegas de governo como uma espécie de “Paulo Câmara” do governador Paulo Câmara (PSB). “Ele é o cara que Paulo chamou para fazer por ele o que ele fez por Eduardo Campos”, explica um secretário.
Stefanni chegou ao Governo de Pernambuco pelas mãos de Geraldo Julio, que o chamou para presidir a AD Diper quando virou secretário do Desenvolvimento, cargo que ele assumiria mais tarde.
No BNDES, o advogado trabalhou em um plano de socorro aos estados que o colocou em contato frequente com Geraldo.
Quando Câmara o convidou para ser secretário da Fazenda, no final do ano passado, pediu que Márcio Stefanni assegurasse o diálogo com o setor produtivo e mantivesse a saúde financeira do Estado, já de olho na crise econômica. “No começo, eu vou saber algumas coisas mais do que você, mas depois você aprende”, brincou o governador.
Na ocasião, a prioridade passada para o novo secretário foi manter o patamar de investimento do governo, estimado em R$ 3 bilhões; algo que Stefanni já sabe que não vai atingir.
No início do ano o Tesouro Nacional avisou ao Palácio do Campo das Princesas que não aprovaria as operações de crédito que o Estado queria fazer com bancos de desenvolvimento.
A meta, então, passou a ser bem menor: investir R$ 1 bilhão em 2015, priorizando as obras que não ficaram prontas no governo passado e o sistema prisional, que viveu uma crise no início do ano. “Manter o nível em valores é muito difícil.
No entanto, nós vamos manter a qualidade do investimento”, garante o secretário. “Eu não vou lutar contra o cenário, contra a realidade”, diz. “Nós vamos ser iguais aos grandes mamíferos que hibernam durante os tempos de inverno.
Vamos hibernar agora, mas quando o sol vier voltaremos a investir porque estamos preparados e temos capacidade de planejamento e execução”, afirma Stefanni.
Ele acredita que apesar do momento difícil, 2016 já será um ano melhor, embora admita que a recuperação econômica de Pernambuco depende do cenário brasileiro porque as principais indústrias instaladas no Estado produzem para o mercado nacional. “Interlocutores de Brasília dizem que quando da posse de alguns ministros foi dito: feliz 2017”, pondera.
Cobrado pela oposição, o secretário da Fazenda diz que não perde um segundo de sono com o resultado negativo do déficit primário, que mostra um gasto maior do que a arrecadação fiscal no ano passado.
Isso porque o cálculo exclui a captação de dinheiro com operações de crédito e a poupança do Tesouro estadual. “A gente está tranquilo.
Foram investimentos responsáveis”, garante.
Navio transportando containeres em Suape.
Foto: Eduarda Azoubel/Suape ARCO METROPOLITANO E SUAPE – Ex-secretário de Desenvolvimento, Márcio Stefanni faz questão de defender que o Arco Metropolitano é uma obra de logística nacional, pela importância da BR-101 para o fluxo de bens e serviços no Nordeste. “Ela não é importante só para a logística de um polo automotivo, de uma fábrica.
Nós estamos discutindo um projeto que é uma visão de Estado.
Não era uma contrapartida”, afirma.
Em 2013, o objetivo do Governo do Estado era bancar R$ 400 milhões e fazer o Arco como uma parceria público-privada, mas o governo federal rejeitou a ideia de um pedágio em área urbana e assumiu a obra, cujo primeiro trecho ainda não foi licitado. “Houve erro do não início.
Agora, a quem atribuir esse erro?
Eu posso dizer que o Estado, dentro de suas possibilidades constitucionais e financeiras, fez até onde pode”, diz.
Stefanni, que também já presidiu o Porto de Suape, diz que a decisão da Petrobras de adiar a segunda etapa da Refinaria Abreu e Lima é ruim para Pernambuco, mas é melhor do que o cancelamento das unidades de Premium I e II, no Ceará e no Maranhão. “A refinaria é uma realidade.
Nos inserimos nesse mercado”, justifica.
O secretário também classifica como preocupante os possíveis efeitos da Operação Lava Jato em projetos de infraestrutura por causa da crise que abala algumas das grandes empreiteiras do País. “É ruim esse clima de instabilidade, com projetos sendo parados.
No momento em que as finanças públicas passam por um abalo, é necessário que o capital privado faça a roda da economia moer”, avalia.
Márcio Stefanni também considera muito difícil que, na conjuntura atual, os trabalhadores que são vítimas do processo de desmobilização em Suape consigam recuperar seus empregos.
Ele, que já comparou o cenário em Pernambuco com as demissões ocorridas após o fim da construção de Brasília, defende que a Petrobras precisa ter uma responsabilidade social com essas pessoas. “O Estado fez as contrapartidas e espera a atenção da Petrobras com os trabalhadores que estão ali mobilizados.
Esse é um ponto que consta da agenda que o governador Paulo Câmara terá com a presidente Dilma”, revela.
Filiado ao PSB, Stefanni diz que não nutre o sonho de entrar na vida política, como fizeram Miguel Arraes, Eduardo Campos e Paulo Câmara; todos ex-secretários da Fazenda. “Fui colega de Geraldo e de Paulo e os vi serem alçados.
Mas acho que a conjuntura agora está diferente.
Nós perdemos o grande líder, o governador Eduardo.
Acho muito difícil a fórmula se repetir mais uma vez”, explica.