Reinaldo Azevedo, na Folha de São Paulo deste sexta Na segunda parte deste artigo, darei vivas a Dilma Rousseff, demonstrando como ela está salvando o que resta do Brasil.

Podem esperar.

Nas linhas abaixo, vou malhar Rodrigo Janot.

Há exatamente um mês, no dia 6 de fevereiro, abri esta coluna assim: “Uma espécie de jacobinismo sem utopia (…) estava tomando conta do noticiário sobre a Operação Lava Jato. (…) A distorção era fruto da hegemonia cultural das esquerdas no geral e do petismo em particular (…)”.

E o texto concluía: “Não se trata de saber se empreiteiros corrompem porque o PT se deixa corromper ou se o PT se deixa corromper porque empreiteiros corrompem. É besteira indagar quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha.

A resposta não está entre a ontologia e a zoologia.

A questão que importa é saber quem mandava no galinheiro”.

Já estava claro para mim que se desenharia, como se desenhou, a farsa da “investigação rigorosa, doa a quem doer”, que terminaria por preservar… os donos do galinheiro.

Lula nem sequer foi ouvido pelos “Heróis de Curitiba”.

Heróis?

O único que reconheço é o Superpateta, amigo do Mickey.

Rodrigo Janot não vê motivos para investigar nem Dilma Rousseff nem Aécio Neves, como se ambos exercessem, prestem atenção!, o mesmo “não papel” nessa história.

A questão é de tal sorte absurda que nem errada consegue ser.

Não existem denunciados no elenco escalado por Janot, só alvos de inquérito.

Os políticos no geral, e os petistas em particular, seriam apenas atores coadjuvantes desse filme ruim, que disputa o Oscar de “Melhor Roteiro Adaptado”.

A farsa original foi escrita no mensalão. “Por que lembrar o que você escreveu?” Porque a Folha não obriga a que se faça “recall” de análise com defeito. É preciso matar a cobra e mostrar a cobra.

O pau, qualquer um mostra.

Vamos à segunda parte?

O país entrou em transe; a economia só não está parada porque encolhe; mesmo as iniciativas corretas –como a de tentar acordos de leniência– se perdem na bisonhice política de um Luís Inácio Adams.

Uma linha de articuladores que reúne Aloizio Mercadante, Pepe Vargas, Miguel Rossetto e Jaques Wagner entrou numa competição desleal com o Íbis Sport Clube, agora apenas o segundo pior time do mundo.

Sim, a Petrobras foi à breca, o país está na lona, Joaquim Levy espicha seu olhar fiscalista até para as bolsas das velhinhas…

Mas tanto desastre, vejam que bacana!, sepultou a reforma política do PT, que tinha ares de golpe branco na democracia; permitiu o avanço do que chamam por aí, de modo burro, de “PEC da Bengala”, o que deve preservar o STF de tentações momesco-bolivarianas; enterrou os delírios dos companheiros de “controle social da mídia”; transformou, desta feita, o estelionato eleitoral em “carnadura concreta” (by João Cabral).

Atenção!

Em 2003, Lula jogou no lixo o programa com o qual se elegeu, e isso foi bom.

Estelionatário, sim, mas, a seu modo, virtuoso.

Desta feita, Dilma sepultou as promessas da campanha –porque não tinha saída–, e a vida das pessoas piorou.

Saúdo, assim, a incompetência do governo.

E não porque eu seja adepto do quanto pior, melhor!

Mas porque a crise trouxe de volta a política.

Janot, com as suas alegorias de mão, lustra o Brasil da impunidade.

Dilma, com a sua ruindade, preserva o país, eis a ironia, da sanha petista, como veremos no próximo dia 15, nas ruas.

Engraçado, né?