Foto: Paloma Amorim/divulgação Morre Cristiana Lôbo, jornalista e comentarista de política da Globonews A jornalista Cristiana Lôbo, da GloboNews, afirmou, em palestra no RioMar, nesta quinta-feira, que não vê espaço para a queda de Dilma e que isto não seria bom para a democracia do País.

A colunista nacional de política veio ao Recife, a convite do shopping center, conferir uma palestra sobre as perspectivas econômicas e políticas para 2015. “Eu acho que não há ingrediente (para o instrumento ser usado).

A maioria do povo quer ela lá.

Ela venceu as eleições”, declarou, mesmo frisando que o humor do brasileiro é outro e desapareceu boa parte da sensação de bem estar que havia até o ano passado.

Diante de uma plateia de cerca de 700 pessoas, clientes e convidados do centro comercial, Cristiana Lôbo disse acreditar que Dilma é honesta e que seu único problema é gostar de mandar, como alguém que se basta. “A Dilma foi mimada.

Ela é sozinha.

Não tem marido nem filho, alguém que possa criar problema para ela.

Então, ela fica tomando iniciativa demais e criando problema”, explicou.

O tema da corrupção permeou parte da palestra e a jornalista defendeu o entendimento de que não há sentimento udenista algum nos dias de hoje. “O que temos é um cansaço com tudo que se vê na política.

O sujeito trabalha duro, paga imposto, luta para colocar um filho na escola, de repente descobre que um gerente da Petrobrás devolveu R$ 100 milhões na primeira apertada que levou.

Brincadeira… não tem como ter juntado tudo isto” Cristiana Lôbo disse ainda acreditar que Dilma precisa se reinventar, neste segundo mandato. “Ou ela se reinventa ou vai viver um processo de sarneyzação”.

Nesta avaliação, a colunista acredita que, em função da crise, Dilma perdeu o argumento de que a crise veio de fora, tornando-se agora refém dos seus próprios problemas.

Sem citar as manifestações de rua marcadas para o próximo mês de março, Cristiana Lôbo disse querer ver se Lula iria mesmo para as ruas no dia 13 de março. “Pode dar errado”, pontuou.

Ela lembrou que Collor pediu a população para ir às ruas e acabou precipitando amplas manifestações contra o seu governo, antes de sofrer um processo de impeachment. “O governo e o PT contam com o apoio da liderança inconteste de Lula.

Ainda que afastados, se necessário, estarão juntos”, analisou, em comparação.

Esbanjando ironia, a jornalista televisiva arrancou gargalhadas da plateia ao falar das eleições do ano passado.

Numa delas, brincou com o nome do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). “Quando eu estava cansada, eu dizia para mim mesma.

Vou tomar um Pronatec e vou dormir.

Era bom para tudo, né?” Ao responder a um questionamento de uma mulher se o senador do PSDB de Minas Gerais Aécio Neves poderia fazer um governo melhor do que Dilma, caso fosse eleito presidente, a jornalista saiu pela tangente. “Minha bola de cristal quebrou quando o Severino Cavalcanti (ex-deputado federal de Pernambuco) ganhou a eleição (para presidência da Câmara dos Deputados”, brincou.

Ao se referir aos políticos locais, além de Eduardo Campos, por conta da morte trágica em São Paulo, citou apenas o nome do deputado federal Daniel Coelho, do PSDB, a quem elogiou. “É um menino, mas é um sucesso, tem discurso, mesmo nesta seca de políticos”, observou.

No final do encontro, uma pessoa perguntou ainda sobre as ameaças do PT aos setores de comunicação, como a proposta de controle da mídia. “Não se sabe qual a regulação.

Vamos ver se o Congresso, que tem a prerrogativa de votar, é conservador”, disse. “No que toca ao partido do governo, é um pouco de um discurso para dentro, para a tropa.

No passado, Lula tinha sempre o discurso do nós contra eles (as elites).

Depois que ele associou-se a todos os eles, sobrou a mídia. É por aí”, arrematou.